"Contigo caminhamos na esperança” é o lema da viagem apostólica de Bento XVI a Portugal:
um caminho que não se faz sozinho, e que se envolve de esperança (A. Pinheiro, em
Portugal)
Correspondendo
ao convite, várias vezes reiterado, dos Bispos portugueses bem como ao convite do
Senhor Presidente da República, Bento XVI aceitou, e agora vai visitar Portugal por
ocasião da peregrinação aniversaria de 12 e 13 de Maio.
A sua vinda a Fátima
coincide com o décimo aniversário da beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta
e com as comemorações do centenário do nascimento da Jacinta. Todavia, projecta-se
no horizonte mais amplo das suas peregrinações aos maiores santuários marianos espalhados
pelo mundo, como grandes centros de evangelização.
Esta sua peregrinação vai
revestir um grande significado pastoral, doutrinal e espiritual.
Ele conhece
como ninguém o cerne e o alcance da Mensagem de Fátima, de que se tornou intérprete
singular com o seu Comentário Teológico ao “terceiro segredo”, quando era Prefeito
da Congregação para a Doutrina da Fé. Já como Papa, na visita ao Brasil, evocando
o nonagésimo aniversário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, não hesitou em
falar da “mais profética das aparições modernas”. Sabe, pois, muito bem qual é a actualidade
e a importância de Fátima para a Igreja e para o mundo, tal como as exprimiu o Papa
João Paulo II: “De Fátima irradia para todo o mundo uma mensagem de conversão e de
esperança; uma mensagem que, em conformidade com a fé cristã, está profundamente inserida
na história...
Sabe-se que o Papa, nas suas deslocações tem sempre uma particular
atenção à situação da sociedade que visita, às problemáticas que a marcam, às características
que a definem.
A sua presença aqui em Portugal nos próximos dias pode ser uma
oportunidade para todos, católicos e não católicos, no contexto actual recuperarem,
aprofundarem, destacarem o combate sustentado à pobreza, a recuperação da solidariedade
assente em princípios fundamentais de justiça, a alteração de paradigmas de comportamento
face ao consumo e à fruição dos bens comuns, a defesa dos valores fundamentais da
vida e da família.
Será também uma oportunidade para provocar a (re)dinamização
das estruturas da Igreja, nomeadamente no que se refere à necessária aproximação às
circunstâncias concretas dos tempos em que vivemos, para que seja referência permanente
e segura da mensagem de Cristo.
Bento XVI não vai trazer a fórmula infalível
da transposição da mensagem de Cristo para a realidade; eu, como cidadão português
gostava que trouxesse para a vida do Portugal vergado a confiança, o optimismo e a
esperança de que todos sentem falta. E seria importante que esta mensagem não chegasse
só a quem tem a bênção de Acreditar, e sente que a fé lhe assiste.
“Contigo
caminhamos na esperança”, é o lema desta viagem apostólica de Bento XVI a Portugal
Palavras importantes, um caminho que não se faz sozinho, e que se envolve
de esperança. A esperança, à semelhança da saudade típica dos portugueses, não é invocada
só por quem acredita, e vive na fé que Sua Santidade vem anunciar. Tem esperança quem
vive, quem produz, quem cria, quem ama, quem peca e se converte de novo, quem caminha,
quem tem filhos e cadilhos, quem perde o norte, quem adoece, quem vive estigmas sociais.
A esperança é de todos. Ora aqui poderá estar uma luz para que quem não acredita possa
ter esperança.