PAPA NAS EXÉQUIAS DO CARDEAL POGGI: SEM FÉ, TUDO PARECE PERDIDO COM A MORTE
Cidade do Vaticano, 08 mai (RV) - "Testemunha daquela fé corajosa que sabe
confiar em Deus": com essas palavras, o Papa recordou nesta sexta-feira o Arquivista
e Bibliotecário emérito da Santa Romana Igreja, Cardeal Luigi Poggi, falecido terça-feira
passada, aos 92 anos.
Bento XVI presidiu, na Basílica Vaticana, o rito da Última
Encomendação e Despedida do purpurado, ao término das exéquias celebradas pelo Decano
do Colégio cardinalício, Cardeal Angelo Sodano. Em sua homilia, o Pontífice repercorreu
a longa vida do Cardeal Poggi, "fiel servidor do Evangelho e da Igreja", e reiterou
a esperança na ressurreição.
Diante do mistério da morte, "para o homem que
não tem fé tudo pode parecer irremediavelmente perdido. Então, é a palavra de Cristo
que clareia o caminho da vida e dá valor a todos os seus momentos". Bento XVI partiu
dessa consideração para recordar o Cardeal Poggi, reiterando que "a dor pela perda
de sua pessoa é suavizada pela esperança na ressurreição, fundada na própria palavra
de Jesus":
"Jesus Cristo é o Senhor da vida, e veio para ressuscitar no último
dia tudo aquilo que o Pai lhe confiou (cfr Jo 6, 39). Essa é também a mensagem
que Pedro anuncia com veemência no dia de Pentecostes (cfr At 2, 14.22b-28).
Ele mostra que a morte não podia segurar Jesus. Deus tirou Jesus da angústia da morte,
porque não era possível que ela o mantivesse em seu poder. Na cruz Cristo trouxe de
volta a vitória, que devia manifestar-se com uma superação da morte, isto é, com a
sua ressurreição."
Em seguida, o Santo Padre repercorreu a vida do Cardeal
Poggi, recordando a sua "missão sacerdotal" junto à Secretaria de Estado nos "anos
difíceis" de 1945, depois, na África e no Peru, nos anos 70. Posteriormente, seu trabalho
como Núncio Apostólico com encargos especiais em relação aos países do Leste Europeu,
até tornar-se um protagonista da diplomacia vaticana nos países do bloco comunista.
Nos
anos 80, o purpurado tornou-se Núncio Apostólico na Itália, e se ocupou, entre outras
coisas, da "delicada fase de reorganização das dioceses italianas".
"Se morremos
com Cristo, cremos que também viveremos com ele", continuou Bento XVI, citando São
Paulo, recordando que "quem morreu foi libertado do pecado":
"A união sacramental,
mas real, com o Mistério pascal de Cristo, abre para o batizado a perspectiva de participar
de sua mesma glória. E isso tem uma consequência para a vida já agora, porque, se
em virtude do batismo nós já participamos da ressurreição de Cristo, então já agora
"podemos caminhar numa vida nova"."
Eis o motivo pelo qual a morte de um irmão
em Cristo "é sempre motivo de íntimo e reconhecedor estupor pelo desígnio da divina
paternidade, que nos liberta do poder das trevas e nos transfere para o reino de seu
Filho dileto" - concluiu Bento XVI. (RL)