Uberaba, 06 mai (RV) - Depois da Conferência de Aparecida / 2007, a Igreja
está ensaiando uma mudança radical na sua maneira de ser. O nosso costume secular
foi sempre acionar o sino, para chamar os fiéis às celebrações. Depois modernizamos
um pouco essa “voz de Deus”, colocando alto-falantes. A preocupação era uma política
de conservação daqueles que faziam parte da comunidade. As considerações sobre os
fiéis afastados, e a multidão das pessoas confusas na sua fé, era bastante reduzida.
As nossas ocupações quase se resumiam em novenas, celebrações eucarísticas, festa
do Padroeiro, catequese das crianças, procissões e horários de confissão.
Assim
eram atingidos 10 a 12% da população católica. Durante séculos fomos uma Igreja voltada,
precipuamente, para dentro. Em Aparecida descobrimos que a evangelização precisa
começar de novo. Daí a “Missão Continental” que o Brasil traduziu para “Projeto Nacional
de Evangelização”. Agora a ordem é sair. Não mais podemos aguardar as pessoas na igreja,
mas sim, ir ao seu encontro, onde quer que elas estejam. E essa missão não é mais
apenas uma arrancada, para depois entrar em novo repouso. Trata-se de um estado permanente
de missão, que pode levar muitos anos. Também os protagonistas dessa nova hora são
outros. Não são apenas os Padres, mas especialmente os leigos e leigas que, corajosamente
se embrenham neste vasto mundo moderno.
Nas minhas Visitas Pastorais nas Paróquias,
deparei com centenas e centenas desses novos missionários. São homens e mulheres,
e até jovens, que se sentem desafiados para uma nova missão. Todos, para se prepararem,
seguiram a “cartilha missionária” da arquidiocese. Através dela receberam treinamento,
e foram propostos roteiros de trabalho. Sentiram-se enviados por Jesus, “dois a dois”
para os novos areópagos de hoje. E vi também esses bons discípulos do Senhor, voltarem
alegres e realizados de seu apostolado. Sentiram na carne a grande promessa de salvação
do Senhor: “Alegrai-vos pois os vossos nomes estão inscritos no céu”. Realmente.
Flui um sangue novo nas veias da Santa Igreja. Estão provocando na população um encontro
pessoal com Cristo. E as pessoas, atingidas por essa iniciativa, se sentem acolhidas
como nunca na Igreja.
Dom Aloísio Roque Oppermann scj Arcebispo de Uberaba,
MG.