Cidade do Vaticano, 02 mai (RV) - O Evangelho de hoje é surpreendente enquanto
nos diz qual o modo de ser de Jesus é diferente do modo de ser dos homens: é claro
que já o sabemos, mas não nos acostumamos com isso.
Na história antiga, a vitória
dos reis, dos generais, se manifestava na opressão sobre os vencidos. A entrada triunfal
dos generais romanos, de Júlio César, por exemplo, e também dos de outros povos era
a expressão maior da opressão. À frente de sua pessoa, no desfile, eram levados os
troféus, objetos de valor, animais, tudo pilhado no butim. Mais horripilante era que
no conjunto desses despojos estavam seres humanos, homens, mulheres, crianças, reis,
príncipes, pessoas comuns, todos sendo arrastados como objetos a serem vendidos como
escravos. A glória do comandante, a vitória do povo estava alicerçada na desgraça,
na infame humilhação, no sangue, na morte de um povo.
Com Jesus é o contrário.
Nos versículos 31 e 32 do Evangelho de hoje, nos fala que sua morte é sua glorificação
e é na cruz que ele demonstrará seu amor por todos nós. Mais ainda, isso é dito após
ele ter lavado os pés dos discípulos, de todos, inclusive de Judas que o irá trair.
O Senhor não usa de retaliação para com Judas, ao contrário, lhe oferece mais uma
oportunidade de se deixar tocar pelo amor.
Aproveitemos o momento e façamos
uma reflexão sobre nosso testemunho de Jesus.
Como procedemos? Qual nossa
visão de sucesso, de êxito? A quem parabenizamos? A quem é rico, inteligente, bonito,
culto? A quem prontamente nos colocamos à disposição? Somente a quem tem algo a nos
dar em troca? Qual nossa relação para com os pobres, os velhos, os doentes, os
aleijados, os marginalizados pela sociedade?
O Senhor termina o Evangelho de
hoje dizendo: “Nisso todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns
aos outros”.
Jesus nos propõe um modo de ser para criar o mundo novo, de amor,
de respeito, de serviço.
A segunda leitura, tirada do livro do Apocalipse,
que fala de um novo céu e uma nova terra, está falando exatamente dessa nova civilização
onde uma nova ordem social é instaurada, a ordem do amor, da fraternidade. Por isso,
“a morte não existirá mais”, não haverá mais violência, nem tripudiação do mais forte
sobre o mais fraco, mas será a vitória da misericórdia. Então ouviremos: “Eis que
faço novas todas as coisas”! Sejamos esses homens e mulheres novos, construtores de
uma nova sociedade alicerçada no amor. (CAS)