Belém, 03 mai (RV) - Justiça para Irmã Dorothy: cinco anos após o assassinato
da missionária, Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, o único dos envolvidos no crime
que ainda não havia sido julgado, foi condenado no começo da madrugada do dia 1º,
em julgamento realizado no Fórum Criminal de Belém, na Cidade Velha.
Galvão
foi julgado sob acusação de ser um dos mandantes do assassinato da religiosa norte-americana
naturalizada brasileira, que defendia o direito à terra de pequenos produtores rurais
da região de Altamira (PA). Dorothy Stang foi morta com seis tiros em fevereiro de
2005, em Anapu.
Durante o interrogatório, o fazendeiro negou o crime e não
respondeu às perguntas da promotoria. A acusação sustentou a tese de homicídio qualificado,
com promessa de recompensa, motivo torpe e uso de meios que impossibilitaram a defesa
da vítima.
Os advogados de defesa, Jânio Siqueira e César Ramos, rebateram
a tese de homicídio qualificado, contrapondo-a com a tese de negativa de co-autoria.
Durante uma hora e meia, eles sustentaram a tese da ausência de provas nos autos da
participação do réu no crime e pediram aos jurados a absolvição do acusado. Os outros
envolvidos no crime foram condenados e estão presos.
O Bispo do Xingu, Dom
Erwin Kräutler, região à qual a missionária pertencia, comemorou a decisão, mas ressaltou
que os conflitos agrários ainda são motivo de tensão no estado. “Eu não considero
(a condenação dos acusados) um fim em si, porque o sistema continua em vigor. Enquanto
não for feita alguma coisa para inibir a ganância e a busca desenfreada de terras,
a situação vai continuar e logo mais vamos ter novas vítimas”, afirmou o Bispo, que
recebe proteção da polícia militar há quatro anos. (CM-CNBB)