2010-05-01 15:43:09

SÃO JOSÉ OPERÁRIO


Cidade do Vaticano, 1° mai (RV) - Todo dia 1º de maio de cada ano, a Igreja celebra a Memória de São José Operário. A Igreja, providencialmente, nesta data civil marcada, muitas vezes por conflitos e revoltas sociais, deu um direcionamento cristão ao evento.

O Papa Pio XII, em 1955, quis oferecer ao trabalhador cristão um modelo e um digno protetor, lembrando que “todo trabalho possui uma dignidade inalienável e, ao mesmo tempo, uma íntima ligação com a pessoa e seu aperfeiçoamento: nobre dignidade e prerrogativa, que não são de modo algum aviltadas pela fadiga e pelo peso que devem ser suportados como efeito do pecado original em obediência e submissão à vontade de Deus” (Mensagem de Natal, 1942).

Com isso, Pio XII, na presença de mais de 200 mil pessoas na Praça de São Pedro, as quais gritavam alegremente: “Viva Cristo Trabalhador, viva os trabalhadores e viva o Papa”, deu aos trabalhadores um protetor e modelo: São José, o Operário de Nazaré”. Com relação à reflexão sobre o capital e o trabalho e outros temas afins, todos os últimos Pontífices Romanos escreveram muitas Encíclicas acompanhando o povo de Deus em sua caminhada para a realização da vida e da dignidade da pessoa humana.

Esta data, comemorada diferentemente nas várias regiões do mundo, é uma oportunidade para repensarmos nossas vidas e valores que modelam o mundo atual. Apesar de tantos passos dados, descobriremos como ainda somos chamados a progredir na dignidade humana, no valor da pessoa, na importância e remuneração do trabalhador. Esse tema, que já ocasionou tantas mortes em tantos momentos da história, deve ser iluminado pela luz do Evangelho e pela presença do Cristo Ressuscitado, que dá um sentido novo à vida de todos nós e tem como consequência a reflexão sobre a dignidade humana e a importância do trabalho.

São José, reconhecido na Bíblia como um homem justo, é quem revela com a sua vida que o Deus que trabalha sem cessar na santificação de suas obras, é o mais desejoso dos trabalhos santificados: “Seja qual for o vosso trabalho, fazei-o de boa vontade, como era para o Senhor, e não para os homens, cientes de que recebereis do Senhor a herança como recompensa... O Senhor é Cristo” (Col 3,23-24). A Igreja recorda a todos, seguindo o exemplo de São José e sob o seu patrocínio, o valor humano e sobrenatural do trabalho.

A Igreja, ao apresentar-nos hoje São José como modelo, não se limita a louvar uma forma de trabalho, mas a dignidade e o valor de toda forma de trabalho humano honrado. É a forma como colabora com a providência divina sobre o mundo. Todo trabalho é testemunho da dignidade do homem, do seu domínio sobre a criação; é meio de desenvolvimento sobre a personalidade; é vínculo de união com os outros seres; fonte de recurso para o sustento da família; meio para construir para o progresso em que vive e para o progresso de toda a humanidade. Ao propormos São José como modelo e padroeiro, vemos: um homem que viveu do seu “ofício” e a quem devemos recorrer com frequência para que não se degrade nem se distorça o trabalho que temos entre as mãos, pois o nosso trabalho, com a ajuda de São José, deve sair das nossas mãos como uma oferenda ao Senhor, convertido em oração.

Peçamos a São José que nos ensine ter a presença de Deus que ele teve enquanto exercia o seu ofício. Os Santos Evangelhos exprimem em simples, mas em singelas palavras, quem foi o Pai Nutrício de Jesus: Homem justo, fundamentado na fé e no serviço. Homem temeroso, que bastou o sinal divino para acreditar e confiar no Senhor. A grandeza de São José sobressai porque ele soube desempenhar a sua missão na humildade e no escondimento da casa de Nazaré.

São José, protetor universal da Igreja, assumiu este compromisso de não deixar que nenhum trabalhador de fé – do campo, indústria, autônomo ou não, homem ou mulher – se esqueça que ao seu lado estão Jesus e Maria. A Igreja, na festa do trabalhador, deu um lindo parecer sobre o esforço humano que gera, dá a luz e faz crescer obras produzidas pelo homem: “queremos reafirmar, em forma solene, a dignidade do trabalho, a fim de que inspire na vida social as leis da equidade e repartição de direitos e deveres”. São José ensina-nos a bem fazer o ofício que nos ocupa tantas horas: as tarefas domésticas, o laboratório, a sala de aula, o computador, o trabalho de carregar pacotes, de ser executivo ou ainda de cuidar da portaria de um edifício. A categoria de um trabalho que reside na sua capacidade de nos aperfeiçoar humana e sobrenaturalmente, nas possibilidades que nos oferece de levar adiante a família e de colaborar nas obras em favor dos homens, na ajuda, que através dele, prestamos à sociedade.

No dia 01 de maio, recordo com carinho o início de meu ministério episcopal na Diocese de São José do Rio Preto, aonde exerci a missão como terceiro bispo diocesano. Minha vida tem uma ligação íntima com São José: nascido em São José do Rio Pardo, de São José sempre aprendi a justiça, o silêncio, o entrar na vontade de Deus, a dignidade do trabalho. Agora, no Rio de Janeiro, busco o exemplo na vida iluminada e silenciosa de São José as forças necessárias para bem servir aos irmãos e irmãs, principalmente na nova evangelização. Agradeço a todos os que trabalham pela vinha do Senhor. Neste tempo de tantas dificuldades, peço, em especial aos dirigentes cristãos de empresas com a partilha de responsabilidade por parte do governo, emprego e renda a todos os que vivem em situação de dificuldades. Que São José Operário nos ilumine e nos inspire sempre a servirmos a Deus, ao próximo e à sociedade.

São José Operário! Rogai por nós!

+ Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ







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