Cidade do Vaticano, 1° mai (RV) - Maio tem sido, ao longo dos anos, sinônimo
de Maria, mês das noivas, mas também sinônimo de liberdade e motor de profundas transformações
sociais e políticas: uma referência ao 1º de maio, Dia Mundial do Trabalho, comemorado
a partir de 1890 em quase todo o mundo. Passados todos estes anos, o que hoje pode
parecer uma coisa evidente e consolidada, é fruto de uma história de lutas feita de
avanços e recuos, vitórias e derrotas. Entre eles, a luta pelo horário de oito horas
de trabalho.
O mundo se modernizou, se transformou, e com ele também as novas
formas de organização do trabalho: a globalização veio trazer novos problemas que
os trabalhadores têm que enfrentar. A exploração do trabalho infantil e da mulher,
bem como dos imigrantes são um desafio permanente à imaginação e à capacidade de organização
dos trabalhadores.
A Igreja quis dar a este dia de ação e de festa uma dimensão
de fé. Em 1955, o Papa Pio XII instituiu a Festa de São José Operário, a ser celebrada
precisamente no dia 1º de maio de cada ano.
O trabalho domina o panorama da
vida humana. Olhando para o mundo, criado por Deus, vemos que é continuamente transformado
pela mão do homem que assim prolonga a obra da criação divina. Aqui reside a dignidade
do trabalho humano. Ao celebrar a memória litúrgica de São José a Igreja entende promover
esta espiritualidade do trabalho. “O Dia do Trabalho” é data memorável da luta humana
pela dignificação do trabalho.
Neste contexto não podemos esquecer as orientações
da Doutrina Social da Igreja, tão abundante e oportuna neste campo, acompanhando de
perto os novos desafios, que se vão colocando constantemente ao mundo do trabalho,
devido à evolução tecnológica e aos desenvolvimentos da economia de mercado, em que
a competitividade se torna sempre mais agressiva.
Hoje diante da crise econômica
mundial, o primeiro a pagar é o trabalhador, aquele que muitas vezes sem direitos,
sem instrumento de defesa, sofre as conseqüências de mandos e desmandos que o colocam
no último de grau de uma engrenagem que somente deve produzir, apesar de esmagar sonhos,
esperanças e dignidades.
A Doutrina Social da Igreja propõe a solidariedade
- a que chama “virtude” - como o meio necessário e indispensável para que a luta dos
trabalhadores pela sua dignidade, seja eficaz.
Não se pense que este dia 1º
de maio, herdeiro de uma forte tradição de luta operária, misturada com perseguições,
prisões e até mortes, seja um dia triste. Não, porque nele também se recordam as conquistas
- pequenas e grandes - que os trabalhadores em todas as partes do mundo foram conseguindo
através dos tempos. Uma longa história que se deve recordar e celebrar. (SP)