A gravidade da crise alimentar actual denunciada pela FAO
(1/5/2010) Alerta da Organização para a Alimentação e Agricultura, devido à crise
económica e à subida dos preços dos alimentos nos últimos três anos. "Em 2009,
o número daqueles que sofrem de fome no mundo aumentou 105 milhões em relação a 2008
e o número ultrapassa hoje os mil milhões", afirmou Jacques Diouf, na abertura dos
trabalhos da XXXI Conferência Regional da FAO para a América Latina e as Caraíbas,
que decorreu no Panamá. Destes mil milhões de pessoas, 642 milhões vivem na
Ásia e no Pacífico, 265 milhões em África, 42 milhões na América Latina e nas Caraíbas
e 15 milhões nos países desenvolvidos, explicou. Os países mais afectados são
a República Democrática do Congo e a Eritreia, que têm 75% e 66% dos seus habitantes
com fome, respectivamente. No Haiti, o país com mais fome nas Caraíbas, este é um
problema que atinge 58% da população. África é sempre o continente mais afectado
pela subnutrição, que atinge 28% da sua população. O director da FAO explicou
que o aumento da subnutrição nos três últimos anos se deve à diminuição dos investimentos
no sector agrícola, ao aumento do preço dos alimentos e à crise económica. Nos
países em vias de desenvolvimento, as famílias gastam até 50% dos seus rendimentos
com a alimentação, uma taxa que nos países desenvolvidos é de 20%. Jacques Diouf
apelou a uma "política mundial de segurança alimentar", recomendando que esta política
deve ter em consideração a necessidade de aumentar a produção agrícola em 70% nos
países desenvolvidos e em 100% nos países em desenvolvimento, para garantir a alimentação
de uma população que, em 2050, estará próxima dos 9,1 mil milhões de habitantes.
De acordo com um relatório da FAO, "a gravidade da crise alimentar actual é o
resultado de 20 anos de investimentos insuficientes na agricultura e do abandono"
a que o sector foi votado.