Cidade do Vaticano, 30 abr (RV) - Em sua visita pastoral, em 23 de abril de
1998, o Papa João Paulo II saudou todos os fiéis da Igreja de Turim, bem como todos
os peregrinos vindos de todas as partes do mundo para contemplar Jesus Cristo por
meio do sofrimento do Redentor, estampado no Sudário.
A visita de João Paulo
II aconteceu justamente um ano após o terrível incêndio que quase destruiu o Sudário,
"precioso Linho que pode nos servir de ajuda para melhor entendermos o mistério do
amor do Filho de Deus por nós".
Na reflexão do Papa, podemos descobrir sete
lições importantes sobre o Sudário, dando-nos um sentido teológico-espiritual do mistério
da morte de Jesus.
Primeira lição: "Diante do Sudário, imagem intensa e de
sofrimento inenarrável, desejo render graças ao Senhor por este dom singular, que
solicita ao fiel atenção amorosa e disponibilidade plena às exigências do Senhor".
Segunda
lição: "O Sudário é provocação à inteligência". Ao se expressar dessa forma, o Papa
deixa claro que não se pode assumir uma posição dogmática prescindindo da investigação
científica. É importante que diante do Sudário, cada um se coloque com uma verdadeira
liberdade interior, respeitando a metodologia científica e a sensibilidade dos fiéis.
Terceira lição: o Sudário "é espelho do Evangelho" e exprime a paixão e a
morte de Jesus; também se refere ao mesmo Jesus e convida todos a modelarem suas vidas
à imagem daquele que se entregou por todos.
Quarta lição: o Papa nos recorda
que o Sudário reflete também o sofrimento humano em todas as épocas, causado pelo
próprio homem, motivado pelo egoísmo, principalmente nos tempos modernos, devido à
incorreta aplicação do seu conhecimento para o bem da sociedade. Estamos diante de
milhões de famintos, de guerras constantes, marginalizados em toda parte, pessoas
torturadas, terrorismo e organizações criminais. Pelo Sudário, somos convidados a
descobrir o ser humano, contemplando o mistério da dor, que conduz a humanidade à
salvação.
Quinta lição: o Sudário também nos convida a uma descoberta da causa
primeira da morte redentora de Jesus a partir de Jo 3,6: "amou tanto o mundo que deu
seu Filho Unigênito"; e nos instiga, como um sussurro: "crede no amor de Deus, o maior
tesouro dado à humanidade, e fugi do pecado, a maior desgraça da História".
Sexta
lição: "O Sudário é também imagem de impotência: impotência diante da morte, na qual
se revela a conseqüência extrema do mistério da Encarnação". Deus verdadeiramente
se fez carne, assumindo-nos em tudo, menos o pecado. A morte indica a fragilidade
da nossa humanidade assumida pelo Filho de Deus. O Verbo se fez fragilidade, porque
se fez um de nós. Morreu por nós, mas não foi o fim. "A fé, recordando-nos a vitória
de Cristo, comunica-nos a certeza de que o sepulcro não é objetivo último da existência.
Deus nos chama à ressurreição e à vida imortal".
Sétima lição: "O Sudário é
imagem do silêncio". Duplamente podemos entender esse silêncio: como incomunicabilidade
na morte e como fecundidade na verdade e na vida.
João Paulo II concluiu seu
discurso, na ocasião, dizendo que "oSudário nos apresenta Jesus no momento da sua
máxima impotência e nos recorda que em sua anulação na morte está a salvação do mundo
inteiro". (PJE)