2010-04-30 18:46:12

BENTO XVI: SEM ÉTICA NEM RESPEITO PELA PESSOA A ECONOMIA É FALIMENTAR


Cidade do Vaticano, 30 abr (RV) - A quebra das finanças mundiais demonstrou que um sistema econômico sem regras éticas, que promovam um desenvolvimento integral da pessoa e não somente o lucro, é destinado a falir.

Essa foi uma das principais considerações do Santo Padre expressas na audiência concedida esta manhã aos participantes da plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, reunidos no Vaticano até a próxima terça-feira, dia 4 de maio. A plenária tem como tema "A crise numa economia global. Projetar novamente o nosso caminho".

Em seu discurso aos especialistas, Bento XVI disse que a solidariedade entre as gerações deve ser reconhecida "como um critério ético fundamental para julgar todo e qualquer sistema social".

Entre as ruínas de uma cidade desmoronada é possível buscar o traçado dos novos caminhos nos quais recomeçar a vida. Substancialmente, foi o que disse o Papa aos acadêmicos vaticanos, conduzidos por sua presidente, a Dra. Mary Ann Glendon, que no final desta manhã se reuniram na Sala do Consistório, no Vaticano, para ouvir o Pontífice.

Neste caso, a cidade destruída é a cidade das finanças, que se revelou, comumente com êxitos dramáticos, um colosso global com pés de argila. Uma fragilidade estigmatizada por Bento XVI desde o início de seu discurso:

"A quebra financeira mundial, como sabemos, demonstrou a fragilidade do sistema econômico e das instituições a ele ligadas. Ademais, demonstrou o erro do pressuposto segundo o qual o mercado é capaz de regular a si mesmo, para além da intervenção pública e da contribuição de normas éticas internas."

Bento XVI evidenciou os valores da Doutrina Social da Igreja, condensados no magistério da Caritas in veritate, em oposição a essa visão que deriva de um conceito "empobrecido" da vida econômica – considerada "uma espécie de mecanismo de autocalibração conduzida por interesses pessoais e de lucro":

"Mais que uma espiral de produção e de consumo voltada a necessidades humanas definitivas, a vida econômica deve ser corretamente vista como um exercício de responsabilidade humana, intrinsecamente orientada rumo à promoção da dignidade da pessoa, à busca do bem comum e do desenvolvimento integral – político, cultural e espiritual – de indivíduos, famílias e sociedades."

O Pontífice prosseguiu seu discurso frisando que "projetar novamente o caminho" significa repensar aqueles "modelos globais" e os objetivos " que conduzem e orientam a vida econômica".

A Igreja "afirma a existência de uma lei natural universal" – reiterou – cujos princípios foram inscritos por Deus na criação. Princípios que são "acessíveis à razão humana e, como tais, devem ser adotados como base para as escolhas práticas" – acrescentou:

"Como parte do grande patrimônio da sabedoria humana, a lei moral natural – da qual a Igreja sempre se apropriou, purificando-a e desenvolvendo-a à luz da Revelação cristã – serve como um farol-guia aos esforços dos indivíduos e das comunidades a perseguirem o bem comum e evitarem o mal, ao tempo em que orienta o seu compromisso a construir uma sociedade autenticamente justa e humana." (RL)







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