2010-04-29 11:46:21

IGREJA PEDE JUSTIÇA PARA IR. DOROTHY


Belém, 29 abr (RV) - Integrantes do Comitê Dorothy Stang e bispo da Prelazia do Xingu, Dom Erwin Krautler, concederam uma coletiva de imprensa, ontem, na sede do Regional Norte 2, sobre a expectativa do julgamento do fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão como mandante do assassinato da freira norte-americana Dorothy Stang, em fevereiro de 2005. O julgamento está marcado para amanhã, em Belém.

"Sem dúvida, Dorothy não foi morta por um acontecimento qualquer. Ela foi morta porque defendeu os direitos dos menos favorecidos. Espero que se chegue à justiça porque o processo já está passando do tempo. Foram cinco anos e ainda não chegamos à conclusão" – diz Dom Erwin Krautler.

O bispo também relembrou a trajetória da missionária em Anapu. "Eu recebi Dorothy Stang em 1972. Ela entrou na prelazia e eu já era bispo de lá, e eu a enterrei. Todo esse espaço de tempo que ela levou no Xingu eu a acompanhei, inclusive quando estava em Altamira, ela sempre morava em casa. Conheci muito bem Dorothy, ela sempre contou com meu apoio. Eu a considero uma mártir por uma causa que ela defendeu em nome do Evangelho" – disse Dom Erwin Krautler.

Para o irmão da missionária, David Stang, que mais uma vez está em Belém para acompanhar o processo, a expectativa é pela condenação do acusado. "Estamos animados e acreditamos que o assassinato de nossa irmã foi mandado por Regivaldo, acreditamos que ele é sim o autor intelectual do crime. Confiamos que o sistema judiciário do Pará vá condenar o acusado por esse crime. Esperamos justiça."
Irmã Jane Dwaer, da Congregação Notre Dame de Namur, aproveitou para apresentar cópias da denúncia feita pelo Ministério Público Federal de Altamira, em março deste ano, acusando Regivaldo Galvão de grilagem de terras e tentativa de estelionato.

O advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Batista Afonso, destacou que a condenação de Regivaldo representa um passo importante no combate à violência e à impunidade no campo no Pará. De acordo com Batista, no Pará 62% dos crimes agrários nas últimas décadas sequer foram investigados e o único mandante condenado cumprindo pena preso é Vitalmiro Bastos de Moura, conforme dados da CPT Pará.

O mais recente levantamento feito pela entidade aponta o Pará como o primeiro no ranking da violência no campo. Em 2009, foram registrados 08 assassinatos, 266 conflitos e 101 ocorrências de violência envolvendo despejos, expulsões e destruição de bens das famílias. O Pará é também o Estado com a maior quantidade de terras griladas.

O Comitê Dorothy promete mobilizações em frente ao Tribunal de Justiça do Pará no dia do julgamento. A partir das 7h30, integrantes do Comitê devem participar de um ato inter-religioso antes do início do júri.

Entre as batalhas de Ir. Dorothy, estava também a hidrelétrica de Belo Monte, como recorda Dom Erwin Krautler, entrevistado por Cristiane Murray: RealAudioMP3
(BF-Regional Norte 2)







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