"O testemunho suscita vocações": na Jornada mundial de oração pelas vocações, Bento
XVI pede que se reze por esta intenção e exorta os sacerdotes a aderirem totalmente
à sua missão. Evocada a Jornada (italiana) das crianças vítimas de violência, abuso
ou indiferença
Neste quarto domingo da Páscoa, chamado “do Bom Pastor”, jornada mundial de oração
pelas vocações, este ano sobre o lema “o testemunho suscita vocações” – foi a esta
temática que Bento XVI dedicou a sua alocução do meio-dia, na Praça de São Pedro,
com muitos milhares de fiéis e peregrinos ali congregados, sob um esplêndido sol primaveril.
“A
primeira forma de testemunho que suscita vocações é a oração, como nos mostra o exemplo
de santa Mónica, que, suplicando Deus com humildade e insistência, obteve a graça
de ver o seu filho Agostinho tornar-se cristão”. O
Papa recordou o testemunho de santo Agostinho, a este propósito: “Sem incertezas creio
e afirmo que foi pelas suas orações (da mãe, Mónica) que Deus me concedeu a disposição
de nada antepor, querer, pensar ou amar senão a consecução da verdade”. “Convido
portanto os pais a rezarem para que o coração dos filhos se abra à escuta do Bom Pastor,
e que toda e qualquer pequena semente de vocação se torne numa árvore frondosa, carregada
de frutos para o bem da Igreja e de toda a humanidade”.
A voz de Cristo
Bom Pastor – observou o Papa – ressoa na pregação dos Apóstolos e dos seus sucessores,
chamando à comunhão com Deus e à plenitude da vida. “Só o Bom Pastor defende com imensa
ternura o seu rebanho e o defende do mal. Só n’Ele podem os fiéis colocar absoluta
confiança” – advertiu Bento XVI, que concluiu com uma exortação especial aos ministros
ordenados, bispos e padres: “Exorto especialmente os ministros ordenados
a que, estimulados pelo Ano Sacerdotal, se sintam empenhados a testemunhar o Evangelho,
de um modo mais forte e incisivo, no mundo de hoje. Recordem que o sacerdote continua
na terra a obra da Redenção; saibam de bom grado deter-se diante do sacrário; adiram
totalmente à sua vocação e missão mediante uma severa ascese; tornem-se disponíveis
à escuta e ao perdão; cultivem cuidadosamente a fraternidade sacerdotal”.
Após
o canto do “Regina Caeli “, Bento XVI dirigiu saudações aos variados grupos de peregrinos
presentes, incluindo os de língua portuguesa: “Dirijo agora a minha saudação
amiga aos professores e alunos do Colégio de São Tomás, de Lisboa, e demais peregrinos
de língua portuguesa: De visita a Roma, não quisestes faltar a este encontro com o
Papa, que a todos encoraja na nobre missão de dar razões de vida e de esperança às
novas gerações para uma sociedade mais humana e solidária. Sobre vós, vossas famílias
e os sonhos de bem que abrigais no coração, desça a minha Bênção Apostólica.”
Bento
XVI lembrou ainda a beatificação, neste domingo, de dois padres, respectivamente em
Roma e em Barcelona. Neste caso, o padre capuchinho José Tous y Soler, fundador das
Irmãs Capuchinhas da Mãe do Divino Pastor: “… Não obstante numerosas provações
e dificuldades, nunca se deixou vencer pela amargura e pelo ressentimento. Destacou-se
pela sua extrema caridade e pela capacidade de suportar e compreender as deficiências
dos outros. Que o seu exemplo e intercessão ajude todos, especialmente os padres,
a viverem a fidelidade a Cristo”.
Foi na saudação aos fiéis italianos
que Bento XVI evocou o outro padre beatificado neste domingo de manhã, o carmelita
Angelo Paoli, que viveu entre os séculos XVII e XVIII: “Foi apóstolo da
caridade em Roma, apelidado pai dos pobres. Dedicou-se
especialmente aos doentes do Hospital de São João, ocupando-se também dos convalescentes.
O seu apostolado recebia força da Eucaristia e da devoção a Nossa Senhora do Carmo,
assim como também de uma intensa vida de penitência. No Ano Sacerdotal, proponho de
bom grado o seu exemplo a todos os padres, de modo particular aos que pertencem a
Institutos religiosos de vida activa”. Uma
última referência, na saudação final em italiano, reservou-a Bento XVI à “Jornada
Nacional das Crianças vítimas de violência, abuso ou indiferença”, promovida em Itália
desde há 14 anos: “Nesta ocasião, quero sobretudo agradecer e encorajar
quantos se dedicam à prevenção e à educação, em particular os pais, professores e
tantos padres, irmãs, catequistas e animadores que trabalham com os jovens nas paróquias,
escolas e associações”.