2010-04-23 20:11:21

IGREJA RECORDA 5° ANIVERSÁRIO DE PONTIFICADO DE BENTO XVI


Cidade do Vaticano, 24 abr (RV) - Em 24 de abril de cinco anos atrás Bento XVI iniciava o seu Ministério, presidindo, numa Praça São Pedro lotada de fiéis e peregrinos provenientes de várias partes do mundo, à Missa solene de início de seu Pontificado.

Na longa, intensa homilia que caracterizou a cerimônia, o então neo-eleito Sucessor de Pedro mostrou com clareza aquela profundidade de seu pensamento que seria um traço distintivo de todos os seus sucessivos ensinamentos.

Ao celebrarmos o 5º aniversário de início de seu Pontificado, aproveitamos a ocasião para retornar àquele dia e a algumas das palavras mais significativas pronunciadas por Bento XVI.

Um Papa fala ao coração das pessoas por definição. Mas se se quiser ouvir o próprio coração de um Papa, tocar quase os seus sentimentos humanos mais profundos, os seus pensamentos espirituais mais íntimos, há uma ocasião e um lugar irrepetíveis: a Missa de início do Ministério Petrino, a máxima celebração na qual pela primeira vez o novo Pastor universal da Igreja mostra-se ao rebanho como seu guia supremo.

As palavras pronunciadas naquele dia são como uma indicação, um raio de luz que antecipa aquilo que nos dias, meses e anos sucessivos se cristalizará como os temas possíveis que nortearão o seu magistério.

Naquela particular celebração, o novo Papa ofereceu as primícias de seu pensamento e de sua humanidade, de sua índole e de sua cultura, numa síntese voltada a encontrar palavras para comunicar o mistério privado que a fumaça branca do Conclave tornou universal: o ser Vigário de Cristo na Terra e, ao mesmo tempo, o Servo dos servos de Deus; o alfa e o ômega de um ministério que não tem igual no mundo.

Mesmo à distância de 5 anos, naquelas primícias é sempre possível identificar novamente o sentido do ministério. Voltamos assim aos ecos que ressoaram na Praça São Pedro naquele 24 de abril de 2005:

"E agora, neste momento, eu frágil servidor de Deus devo assumir essa tarefa inaudita, que realmente supera toda e qualquer capacidade humana. Como posso fazer isso? Como serei capaz de fazê-lo? Vocês todos, caros amigos, acabaram de invocar toda a fileira de santos, representada por alguns dos grandes nomes da história de Deus com os homens. De certo modo, também se fortalece em mim esta consciência: não estou sozinho. Não tenho que carregar sozinho aquilo que na realidade jamais poderia carregar sozinho. A fileira dos santos de Deus me protege, me ajuda e me conduz. E a oração de vocês, caros amigos, a indulgência, o amor, a fé e a esperança de vocês me acompanham."

Em primeiro lugar, naquele dia, o novo Papa comunicou uma certeza: a Igreja está viva, a Igreja é jovem. Correspondendo à expectativa da Missa inaugural de um Pontificado muitas vezes concebida como uma celebração programática do mesmo, Bento XVI ressaltou:

"O meu verdadeiro programa de governo é não fazer a minha vontade, não seguir as minhas idéias, mas colocar-me à escuta, com toda a Igreja, da palavra e da vontade do Senhor, e deixar-me conduzir por Ele, de modo que seja Ele mesmo a conduzir a Igreja neste momento da nossa história."

O homem que se tornou Papa fala do papel do Pastor. É um papel que requer uma consciência que ele amadureceu servindo a Igreja a partir de uma posição que exigia equilíbrio, medida, transparência. E tem consciência da existência de "desertos" humanos que assustam e são conhecidos – a miséria, a fome – e de abismos interiores que ele e poucos conhecem:

"Há o deserto do obscurecimento de Deus, do esvaziamento das almas sem mais a consciência da dignidade e do caminho do homem. Os desertos se multiplicam no mundo porque os desertos interiores se tornaram muito amplos. Por isso os tesouros da terra não estão mais a serviço da edificação do jardim de Deus, no qual todos podem viver, mas são colocados a serviço das potências da exploração e da destruição."

Reconhecendo o mal, indicou também a direção da salvação. O Santo Padre afirmou que são a Igreja e os Pastores, que "como Cristo devem se colocar a caminho para conduzir os homens para fora do deserto rumo à amizade com o Filho de Deus". Para isso e somente para isso se é chamado ao sacerdócio, para isso se é cristão:

"Nós existimos, pastores e cristãos, para mostrar Deus aos homens. E somente onde se enxerga Deus começa verdadeiramente a vida. Somente quando encontramos Cristo, o Deus vivo, nós conhecemos o que é a vida. Não somos o produto casual e sem sentido da evolução. Cada um de nós é o fruto de um pensamento de Deus. Cada um de nós é querido, cada um é amado, cada um é necessário. Não há nada de mais bonito que ser alcançado, surpreendido pelo Evangelho, por Cristo. Não há nada de mais bonito que conhecê-Lo e comunicar aos outros a amizade com Ele."

Com veemência, Bento XVI afirmou ainda na homilia da Missa de início de seu pontificado, que "nós sofremos por causa da paciência de Deus" para com aqueles que fazem o mal, e, não menos que estes, todos precisamos de sua paciência", porque "nos diz que o mundo é salvo pelo Crucificado e não por seus crucificadores". Ao iniciar seu novo ministério na Vinha do Senhor, Bento XVI pediu, como o faz ainda hoje, a oração dos fiéis:

"Rezem por mim para que eu aprenda a amar cada vez mais o seu rebanho – vocês, a Santa Igreja, cada um de vocês individualmente e todos vocês juntos. Rezem por mim para que eu não fuja, por medo, diante dos lobos." (RL)







All the contents on this site are copyrighted ©.