“Em cada momento da nossa vida, dependemos inteiramente de Deus, no qual vivemos,
nos movemos e temos a nossa existência: Bento XVI na homilia da Missa deste Domingo,
em Malta.
(18/4/2010) Bento XVI conclui neste Domingo á tarde a sua viagem a Malta efectuada
por ocasião dos 1950 anos do naufrágio que levou São Paulo ás costas daquela ilha Esta
manhã na grande esplanada dos grandes celeiros em Floriana, na ilha de Malta, Bento
XVI celebrou a Missa do III Domingo de Páscoa, na presença de cerca de 10 mil fiéis. A
homilia do Santo Padre baseou-se, naturalmente, nas leituras da Missa, que eram as
deste domingo, à excepção da primeira, dos Actos dos Apóstolos, substituída pela do
episódio do naufrágio que levou São Paulo a desembarcar na Ilha. Agradecendo o acolhimento
que lhe foi dispensado, Bento XVI evocou aquele que os malteses dispensaram ao Apóstolo
dos Gentios, há 1950 anos, e desde então a muitos viajantes que ali arribaram.
“A
riqueza e variedade da cultura de Malta é um sinal de que o vosso povo muito aproveitou
do intercâmbio de dons e da hospitalidade com os viajantes vindos do mar. E é significativo
que tenhais sabido exercer o discernimento identificando o melhor do que eles tinham
para oferecer”.
O Papa convidou os malteses de hoje a seguirem este exemplo,
advertindo que nem tudo o que lhes é proposto merece ser acolhido. Passando ao episódio
do Evangelho, com a pesca abundante ligada ao encontro com Jesus ressuscitado, Bento
XVI sublinhou o facto de que antes de o Senhor se lhes ter manifestado os apóstolos
não tinham conseguido qualquer resultado.
“Deixados a si mesmos, os seus esforços
eram infrutuosos. Quando Jesus esteve ao lado deles, capturaram uma grande quantidade
de peixes. Meus irmãos e irmãs, se pomos a nossa confiança no Senhor e seguimos os
seus ensinamentos, recolheremos sempre grandes frutos”.
Passando de novo ao
episódio do naufrágio de Paulo, o Papa fez notar que, para poderem sobreviver, os
tripulantes do navio se viram obrigados a deitar ao mar a carga, incluindo os instrumentos
de bordo e o próprio trigo de que se alimentavam. De facto, Paulo exortou a colocarem
só em Deus toda a confiança, no momento em que a barca era batida pelas ondas. Também
nós devemos pôr a nossa confiança só em Deus. Tem-se a tentação de pensar que a avançada
tecnologia de hoje consegue responder a todos os nossos desejos e salvar-nos dos perigos
que nos assaltam.
“Em cada momento da nossa vida, dependemos inteiramente
de Deus, no qual vivemos, nos movemos e temos a nossa existência. Só Ele nos pode
proteger do mal, só Ele nos pode guiar no meio das tempestades da vida e só Ele nos
pode conduzir a um porto seguro, como fez com Paulo e os companheiros que andavam
à deriva junto das costas de Malta”.
Quase a concluir, Bento XVI dirigiu-se
de modo especial aos padres presentes. No contexto do Ano Sacerdotal, o Papa evocou
a figura do Padre Jorge Preca, o primeiro santo maltês canonizado, que se distinguiu
por uma catequização incansável, que deixou uma marca profunda nos jovens e nos menos
jovens.
“Padre Jorge era um sacerdote de extraordinária humildade, bondade,
mansidão e generosidade, profundamente dedicado à oração e com a paixão de comunicar
as verdades do Evangelho. Tomai-o como modelo e inspiração para vós, cumprindo a missão
que recebestes de apascentar o rebanho do Senhor”.
Recordando o diálogo entre
Jesus e Pedro, proposto na parte final do Evangelho deste domingo, o Santo Padre encorajou
os padres a “acolherem com gratidão de coração a magnífica tarefa que lhes foi confiada”.
“A missão confiada aos padres é verdadeiramente um serviço à alegria, à alegria de
Deus que aspira a irromper no mundo”.
No final da celebração, antes do canto
da antífona mariana do tempo pascal, “Regina Coeli”, Bento XVI recordou a devoção
dos malteses à Mãe de Deus invocada como “Mãe da Igreja e nossa Mãe”, especialmente
no santuário mariano da ilha de Gozo, ao qual o Papa oferece, nesta ocasião, uma Rosa
de Ouro. O pontífice pediu aos fiéis que de agora em diante passassem a invocar Nossa
Senhora também como “Rainha da Família”, título acrescentado por João Paulo II à ladainha
mariana.