Santiago, 14 abr (RV) - Teve início na segunda-feira em Punta di Tralca, na
presença do Secretário de Estado Tarcisio Bertone, os trabalhos da 99ª Assembleia
Plenária do episcopado chileno. Abrindo os trabalhos, o presidente da Conferência
Episcopal e Bispo de Rancagua, Dom Alesando Goic, saudou com particular afeto e gratidão
o purpurado e através dele o Santo Padre e deteve-se em particular sobre os desafios
da Igreja chilena no atual momento, com especial referência à Missão continental em
andamento. “O senhor pôde constatar pessoalmente – destacou Dom Goic dirigindo-se
ao Cardeal Bertone – que o nosso povo está de pé, que a sua esperança não desvanece
e que nós somos capazes, nesses momentos de dor e de angústia, de trabalhar todos
juntos: neste caminho do país, a Igreja é protagonista e a sua presença é contínua”.
Com
referência aos escândalos de abuso sexual por parte de membros do clero, Dom Goic
reafirmou a comunhão dos bispos chilenos com o magistério do Papa, na “clareza e firmeza
da sua mensagem”, e assim concluiu: “Nós nos unimos ao desejo do Papa que não admite
desculpas nem justificações diante de um pecado abominável que deve ser condenado,
e do qual devemos enfrentar as conseqüências dolorosas, sustentados por Cristo, para
que nunca mais no seio da Igreja seja provocado um dano às crianças, que são as prediletas
de Jesus”.
Por sua vez, o Cardeal Bertone transmitiu aos bispos a saudação
e o afeto do Papa que, recordou, desde as primeiras notícias sobre o terremoto quis
ser constantemente informado. “Transmito a sua proximidade espiritual – acrescentou
o purpurado – junto com a recordação do encontro na recente visita ad Limina dos senhores
bispos”. O Secretário de Estado reafirmou a sua admiração pela tempestividade com
a qual o povo chileno soube reagir a uma tragédia tão grande como o terremoto de 27
de fevereiro, confirmando o quanto tinha afirmado João Paulo II no encontro com os
jovens no dia 2 de abril de 1987, durante a sua visita pastoral ao Chile: “Olhem para
Cristo com olhos atentos e vocês vão descobrir n’Ele a própria face de Deus”. Com
referência à Missão continental e à missão de evangelização, o Secretário de Estado
disse ainda: “O encontro com Cristo vivo e ressuscitado está na origem do nosso ser
discípulos do Senhor e é também a fonte da qual nasce o impulso missionário e apostólico”.
Tal verdade, explicou o purpurado, é de grande importância “em momentos cruciais de
mudanças sociais e culturais” por isso nos interpela para a busca “de um anúncio do
Evangelho mais eficaz e incisivo”. Essa missão suprema e improrrogável exige uma comunhão
efetiva e afetiva entre bispos e sacerdotes e de todos, juntos com o Sucessor de Pedro.
Recordando
enfim o Ano Sacerdotal em andamento, o Cardeal aproximou à pessoa do Santo Cura d’Ars
a pessoa do Santo chileno, Padre Hurtado, “dois válidos guias para reafirmar o conceito
de fidelidade no exercício do ministério sacerdotal”. “Em um ambiente permeado pelo
relativismo e pelo materialismo asfixiante – concluiu o Secretário de Estado – os
católicos chilenos devem manter sempre no centro de todas as coisas Cristo e o seu
Evangelho, oferecendo o testemunho fecundo de uma Igreja convicta da sua vocação evangelizadora;
de uma Igreja samaritana e simples, atenta às necessidades mais profundas de cada
irmão, em particular dos marginalizados”. (SP)