Juiz de Fora, 12 abr (RV) - Quando Jesus chamou o apóstolo Simão de Pedro,
não foi em vão. Ele lhe disse: “Pedro, tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a
minha Igreja. E os homens não prevalecerão contra ela”.
Somente Simão, a quem
deu o nome de Pedro, o Senhor constituiu em pedra da sua Igreja. Entregou-lhe as chaves
da mesma: instituiu-o pastor de todo o rebanho. Cristo, ao instituir os doze, instituiu-os
à maneira de colégio ou grupo estável, ao qual prepôs Pedro, escolhido dentre eles.
Tudo
isto foi documentado no Novo Testamento.
O homem é estranho, engraçado até.
Acredita em documentos oficiais, emitidos e aprovados pelo governo, que nem sempre
está fora de corrupção; mas põe em dúvida documentos bem mais sérios, emitidos por
testemunhas da vida, da missão, da paixão, morte e ressurreição de Cristo.
A
lei de Deus confiada à Igreja é ensinada aos fiéis como caminho de vida e verdade.
Podemos citar duas passagens dos Evangelhos que comprovem este envio: “Eis que eu
envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes
e simples como as pombas”. (cf. Mt 10,16) e “Nesses dias, Jesus foi para a montanha
a fim de rezar. E passou toda a noite em oração a Deus. Ao amanhecer, chamou seus
discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos”. (cf. Lc
6, 11-13)
O Santo Padre, o Papa, bispo de Roma e sucessor de Pedro, é o perpétuo
e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos bispos, quer da multidão dos
fiéis. O Pontífice Romano, em virtude de seu múnus, isto é, do seu ofício ou missão
de Vigário de Cristo e de Pastor de toda a Igreja, possui na Igreja poder pleno, supremo
e universal.
Sendo assim, podemos afirmar que o Papa é a autoridade máxima,
aqui na terra, da Igreja católica e, portanto merece o respeito devido. Entretanto,
ele não pode evitar que alguns presbíteros, fugindo às obrigações e aos compromissos
livre e conscientementes no sacramento que receberam, cometam desatinos. E, se ele
não pode evitar, isto não significa que ele concorde.
Juntamente com seus auxiliares,
o Papa toma providências a respeito. Só que não alardeia para toda a mídia as atitudes
tomadas pela Santa Sé.
A Igreja Católica foi sempre muito perseguida e um deslize
de algum de seus membros se torna um "prato cheio", alvo de críticas de todos os setores
da sociedade. Outras crenças ou diversos grupos religiosos autônomos têm, também,
as suas falhas, mas não merecem atenção maior do que uma nota num jornal ou um pequeno
comentário na televisão.
O livre-arbítrio dá ao homem a oportunidade de escolher
entre o bem e o mal. Muitas vezes, ele faz a opção errada, percorre caminhos que não
levam à paz e pode prejudicar seus semelhantes. A Igreja é santa e pecadora, pois
é composta de homens e mulheres comuns. Todos nós somos Igreja. Podemos e devemos
condenar o mal, mas não podemos nos responsabilizar por todo o mal que possa ser cometido.
O
Papa não é dono do mundo. Tenta orientar os fiéis e, com a participação do colégio
episcopal, tenta orientar seus presbíteros. Há sanção para as falhas, mas não se pode
debitar tão radicalmente ao Papa todos os erros cometidos debaixo de sua jurisdição.
Enfim,
cremos que somente a verdade libertará e, mais dia, menos dia, ela chegará, esclarecendo
tudo. Enquanto isto, nossa força é o Espírito Santo, que nos norteia e ao Santo Padre
para que vença com paciência e amor, os ataques que lhe são dirigidos.
+ Eurico
dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)