2010-04-12 13:38:27

CRIANÇAS CONTINUAM A MORRER DE FOME NA ÁFRICA


Roma, 12 abr (RV) - O fantasma da fome continua assombrando a África.

Cerca de 860 mil crianças menores de cinco anos nos países do Sahel podem precisar de tratamento contra a desnutrição aguda em centros terapêuticos, devido à crise alimentar que afeta esta região africana. O alerta foi lançado pelo UNICEF, esta semana, em comunicado.
“No Níger, o país mais afetado, 378 mil crianças podem ter necessidade de cuidados” - refere. Depois do Níger, a Nigéria é o país mais faminto, (212 mil), seguida de Burquina-Fasso (144 mil), Mali (83 mil), Chade (33.500) e Mauritânia (8.900).

“No Níger e no Chade, milhares de lares já não têm reservas de alimentos” - sublinha o UNICEF.

“A desnutrição torna as crianças particularmente sensíveis a doenças e infecções” – alerta o documento.

“Este ano, o tradicional período entre duas estações de colheita é diferente. Começou mais cedo e vai ser mais longo e severo do que o costumeiro”.

Crianças esqueléticas preanunciam também uma tragédia iminente no Sudão, próximo à fronteira com a Etiópia, região que, de acordo com as Nações Unidas, há maior escassez de alimentos em todo o mundo.

De acordo com a agência AP, o Programa Mundial de Alimentos quadruplicou a assistência de janeiro a março e passou a alimentar 80 mil pessoas na área. Mesmo se as chuvas da primavera se confirmarem, a colheita não chegará até o outono. A seca é especialmente preocupante, porque a maior parte da população vive da agricultura.

“E se não chover, a situação se agravará” – disse Galiek Galou, um dos três médicos no hospital de Akobo. Ele afirma ainda que, mesmo se os moradores tivessem dinheiro, estariam em dificuldade porque não há o que comprar.

As organizações Save the Children e Medair alimentam as crianças mais desnutridas do povoado com manteiga de amendoim reforçada.

Segundo a ONU, este ano, 4,3 milhões de pessoas no sul do Sudão vão necessitar algum tipo de assistência alimentar – o que indica dimensão da crise.

Localizada no sudeste sudanês, Akobo é uma região isolada, palco de conflitos tribais que provocaram o deslocamento de quase 400 mil pessoas. A crise alimentar também é um legado de uma devastadora guerra civil de 21 anos que deixou milhões de mortos.

Infelizmente, a situação enfrentada no Sudão não é a primeira crise humanitária no país ou na África:

A República Democrática do Congo, na região central da África, foi palco em 2008 de uma crise humanitária que obrigou 1 milhão de pessoas a deixar suas casas, em fuga de combates entre rebeldes, milícias e tropas do governo.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Banco Mundial, pelo menos 50 crianças, principalmente meninas menores de um ano de idade, morreram de desnutrição na África sub-Sahariana em 2009; uma condição causada pela crise econômica e financeira mundial.

Segundo estatísticas, a cada ano, 3 milhões de menores morrem em áreas rurais africanas.
(AP-CM)







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