Domingo "da Divina Misericórdia": ao meio-dia, em Castelgandolfo, Bento XVI comenta
o Evangelho do dia. Recorda também a tragédia em que pereceram o Presidente polaco
e comitiva e a Ostensão do Santo Sudário de Turim
(11/4/2010) Precisamente há dez anos, em Abril do ano 2000, aquando da canonização
da Irmã Faustina Kowalska, João Paulo II decidiu que este segundo domingo da Páscoa
fosse dedicado à Divina Misericórdia. Recordou-o Bento XVI, ao meio-dia, no habitual
encontro com os fiéis e peregrinos, desta vez no pátio interior da residência de Castelgandolfo
onde se encontra num breve período de repouso pascal. Como costuma fazer nesta
circunstância, o Papa comentou brevemente o Evangelho do dia, sublinhando que se trata
de uma página evangélica “rica de misericórdia e de bondade divina”, com a manifestação
do Senhor, a oito dias da Ressurreição e o episódio ocorrido com Tomé, que tinha duvidado
da anterior aparição de Jesus Ressuscitado. “Como é possível que um discípulo possa
duvidar? Na realidade, a condescendência divina permite-nos tirar proveito até mesmo
da incredulidade de Tomé, que não só dos discípulos crentes. De facto, tocando as
feridas do Senhor, o discípulo hesitante cura não só a sua desconfiança, mas também
a nossa”.
Bento XVI fez ainda notar que “a visita do Ressuscitado não se
limita ao espaço do Cenáculo”. Vai para além dele, para que todos possam receber o
dom da paz e da vida com o “Sopro criador”. De facto, por duas vezes Jesus disse aos
discípulos: “Paz a vós!”, acrescentando: “Como o Pai me mandou, também eu vos envio.
E dito isto, soprou sobre eles dizendo: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem
perdoardes os pecados, serão perdoados; àqueles a quem não perdoardes, não serão perdoados”.
“É esta a missão da Igreja perenemente assistida pelo Paráclito: levar a todos a boa
nova, a jubilosa realidade do Amor misericordioso de Deus, para que – como diz São
João – acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, acreditando,
tenhais a vida em seu nome”.
O Papa encorajou em particular os Pastores da
Igreja a “seguir o exemplo do santo Cura d’Ars, que no seu tempo soube transformar
o coração e a vida de tantas pessoas, porque conseguiu fazer-lhes sentir o amor misericordioso
do Senhor. Urge também no nosso tempo tal anúncio e idêntico testemunho da verdade
do Amor”.
Nas saudações, em diversas línguas, após o canto da antífona mariana
deste tempo pascal (Regina Coeli), Bento XVI, dirigindo-se em polaco aos peregrinos
da Polónia, evocou com grande pesar a trágica morte do Presidente da República e sua
comitiva. O Papa recordou que pereceram na viagem a Katyn, local do suplício de milhares
de oficiais militares polacos, assassinados há setenta anos. “Todos confio ao misericordioso
Senhor da vida”.
Também nas palavras pronunciadas em italiano Bento XVI fez
idêntica referência ao “trágico desastre aéreo” de Smolensk, em que “perecerem o presidente
da Polónia, a esposa, diversas altas autoridades do Estado polaco e todo o séquito,
incluindo o arcebispo Ordinário Militar”. “Exprimindo as minhas profundas condolências,
de coração asseguro preces de sufrágio pelas vítimas e de apoio para a amada Nação
polaca”.
Bento XVI recordou, finalmente, que teve ontem início, em Turim,
a solene ostensão do Santo Sudário. “Também eu, se Deus quiser, no próximo 2 de Maio
ali me deslocarei a venerá-lo” – declarou.
“Congratulo-me com este acontecimento,
que mais uma vez está a suscitar um vasto movimento de peregrinos, mas também estudos,
reflexões e sobretudo um extraordinária chamada ao mistério do sofrimento de Cristo.
Faço votos de que este acto de veneração ajude todos a procurarem o Rosto de Deus,
que foi a íntima aspiração dos Apóstolos, como também a nossa”.