Boa Esperança (MG), 09 abr (RV) - A solenidade da Páscoa é o centro da vida
cristã. É a festa da vida, vida do Cristo ressuscitado e de todos os cristãos. Nesse
dia, não celebramos a memória de um herói morto, mas a presença de um Vivo e Vivente
Jesus de Nazaré, o Filho de Deus.
Temos, no relato do Santo Evangelho, dois
episódios: no primeiro, Maria Madalena vai ao sepulcro, encontra-o vazio e relata
a notícia da retirada do corpo de Jesus a Pedro e a João, o discípulo amado; no segundo,
Pedro e João correm até o sepulcro e comprovam o fato.
Diante de tudo isto,
vêm-nos à mente algumas reflexões: tanto Madalena como os dois discípulos ficam confusos,
não compreendem o que acontecera, pois tudo parece ter acabado com a morte de Jesus.
Mas
a vida renasce e não há mais morte. Celebramos o ponto culminante de nossa vida cristã,
pois Cristo ressuscitou e a sua ressurreição é o resgate de todo ser humano a uma
ordem de relação no mundo.
Pedro e o discípulo que Jesus amava estão juntos
nas narrativas da paixão. João identificou a mensagem do mestre, permaneceu junto
dele durante a paixão, ao passo que Pedro ficou parado e o negou. João acompanhou
Jesus até o calvário. Pedro, ao contrário, fugiu.
No Evangelho, Pedro aparece
novamente vencido. João “começou a acreditar” diante dos sinais da morte: o sepulcro,
os panos, o sudário... Ele percebe a vitória da vida e Pedro, vendo as mesmas coisas,
custa a ter fé na ressurreição.
A Igreja festeja com tanta alegria a ressurreição
do Senhor, que toda a semana que se segue ao domingo da Páscoa é um prolongamento
da festa. É por isto chamada semana da pascoela.
Uma vida dedicada aos irmãos,
como Jesus fez, não se conclui com a morte, mas se abre para a plenitude da vida em
Deus.
Uma semana é pouco, outras virão. Todo o ano litúrgico é uma constante
celebração da vitória de Cristo. E toda a nossa vida seria muito pequena e sem sentido
se não pudéssemos festejar, com céus e terra, a vitória de Jesus, a vitória da cruz,
a vitória da vida.
Por isso, no próximo domingo, iremos celebrar o domingo
“in abis”, que era o domingo em que se depunha a cor branca dos catecúmenos. Após
o batismo, na noite de Sábado Santo para o Domingo da Páscoa, os catecúmenos que acabavam
de entrar no grêmio da Santa Igreja revestiam-se de branco, símbolo visível da pureza
obrigatória de vida a partir de então: “Recebe esta vestidura branca e conserva-a
sem mancha até ao Tribunal de Deus”.
Durante os oito dias da Oitava da Páscoa
os catecúmenos assistiam às cerimônias, revestidos da “Alva batismal”; assim gravar-se-ia
mais indelevelmente em seu espírito a obrigação santa duma existência sem pecado.
A partir da Pascoela, retomavam, durante os ofícios, a veste ordinária. Assim,
todos nós devemos como os catecúmenos revestirmos da veste branca da santidade, para
vivermos bem o tempo pascal, fiéis ao espírito do domingo “in albis”, agora chamado
da DIVINA MISERICÓRDIA, a quem todos nós devemos recorrer nestes dias alegres, rezando:
“Fazei, Senhor, que, terminadas as festas pascais, nós conservemos o espírito desta
festa em nossos hábitos e em nossa vida”, Assim seja! Feliz tempo pascal! Padre
Wagner Augusto Portugal.