2010-04-06 11:21:46

MÉXICO: IGREJA DENUNCIA VIOLÊNCIA ASSUSTADORA


Cidade do México, 06 abr (RV) - Em sua mensagem de Páscoa, o Cardeal Norberto Rivera Carrera, Arcebispo Primaz do México, ressaltou que os traficantes “não terão a última palavra na luta empreendida pelo governo federal para conter os flagelos sociais”.

Ele enfatizou ainda que o país “está se destroçando em uma brutal e irracional violência, fruto da cobiça, da ânsia de poder, da corrupção sem escrúpulos e da política carente de sua vocação, que é o serviço à pátria”.

As palavras de Dom Norberto Carrera têm a ver com a Semana Santa de violência no México: segundo dados oficiais e informações divulgadas na imprensa local, pelo menos 126 homicídios ligados ao narcotráfico foram registrados em 12 dos 31 estados do país nos últimos dias.

110 assassinatos ocorreram nos estados de Tamaulipas e Chihuahua (próximos à fronteira com os Estados Unidos), México e Morelos (vizinhos ao Distrito Federal).

Na Semana Santa, coquetéis molotov foram lançados contra uma igreja nas proximidades de Ciudad Juárez, em Chihuahua. Em Tamaulipas, 13 detentos escaparam da penitenciária de Reynosa. No mesmo estado, houve lutas entre cartéis e organizações criminosas.

A propósito da violência decorrente do embate entre os traficantes, o cotidiano ‘Milênio’ opina que estes episódios têm mudado os hábitos de vida dos habitantes locais: “A população está assustada e as pessoas evitam falar do assunto, com medo de serem ouvidas por ‘falcões’, como são chamados os informantes dos cartéis, ou por policiais envolvidos com o crime organizado”.

O jornal ‘La Jornada’ alertou para o fortalecimento do cartel ‘La Familia’, que atua no estado de Michoacán. A publicação, citada pela Agência ANSA, denuncia que os membros do grupo criminoso mantêm um sistema de arrecadação baseado na extorsão de empresários e comerciantes.

Os cartéis disponibilizam escoltas a prefeitos e funcionários públicos municipais, enquanto policiais informam os grupos criminosos sobre o andamento de investigações contra eles.

A ANSA informa que desde dezembro de 2006, quando o Presidente Felipe Calderón mandou às ruas cerca de 100 mil policiais e militares do Exército e da Marinha para combater o crime organizado, o número de assassinatos ligados ao tráfico soma quase 20 mil.

Outra agência, a EFE, anuncia hoje que o aumento da violência nos últimos anos em Ciudad Juárez e em povoados do Vale de Juárez levou centenas de pessoas fugirem para o Texas (Estados Unidos), e outras regiões do México.

Os povoados de Guadalupe e Praxedis G. Guerrero, no Vale de Juarez, e vizinhos dos condados texanos de Hudsped e El Paso, são duas das localidades mexicanas que se viram afetadas pela escalada de violência atribuída ao crime organizado.

Nesta área, 80 pessoas foram assassinadas apenas em 2010.

Em Guadalupe, 60 quilômetros ao nordeste de Ciudad Juárez, com uma população de 4,7 mil habitantes, bandidos do serviço do crime organizado incendiaram 30 casas em menos de um mês.

Nos arredores dos dois povoados, sobre a estrada Juárez-Porvir, esse fim de semana foi possível observar várias pessoas esperando o ônibus para fugir da violência do local.

Eles não fogem apenas dos criminosos, mas também da ação das forças federais, que desde 2008 chegam aos milhares para combater os cartéis de drogas.

Nas aldeias de Guadalupe e Praxedis um grande número de policiais municipais renunciou, ficando apenas um militar e quatro na segunda localidade.

O pároco da Igreja Católica em Guadalupe, Eliseo Ramírez, assinalou que há tensão e confusão entre as pessoas, assim como um sentimento de desencanto porque as autoridades praticamente os abandonaram. Por isso muitos se foram – publica o site G1.

O sacerdote recebeu ontem em seu templo pouco mais de 200 fiéis do povoado que tem quase cinco mil habitantes, “porque poucos se arriscam a andar na rua” mesmo durante o dia. “Nem todos vão para o outro lado (EUA), muitos estão retornando a seus lugares de origem, como os "juarochos", gente que nasceu no estado de Veracruz (Golfo do México) e que se transferiu há décadas para Ciudad Juárez atraída pelo "boom" da indústria montadora.

Ciudad Juárez, com 1,5 milhão de habitantes, é a cidade mais violenta do México, e desde fevereiro, o Governo federal aplica um plano de segurança e de recomposição do tecido social para salvar o lugar.
(CM)







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