Curitiba, 05 abr (RV) - “Ela viveu a profissão de médica com verdadeiro espírito
franciscano, colocando sua criatividade a serviço dos mais necessitados e dedicando-lhes
a sua existência”. Assim, quem a conheceu, recorda a Dra. Zilda Arns, pediatra em
meio do povo mais pobre do Brasil, morta no dia 12 de janeiro passado sob as ruínas
do terremoto no Haiti. Padre Fausto Beretta, comboniano que trabalhou com ela no Maranhão,
recorda a atuação da Dra. Arns na Pastoral da Criança, no combate à mortalidade infantil,
assistindo as mulheres grávidas.
“Zilda Arns permaneceu fiel ao seu propósito
de médica missionária – recorda Irmã Núbia da Silva, sua colaboradora. Salvar milhões
de crianças usando remédios naturais e métodos alternativos, isto é, empregando ao
máximo os recursos disponíveis, sem fazer pesar para os pobres as despesas com medicamentos
muitas vezes desnecessários. Ela os curava de desidratação, diarréia, desnutrição:
as causas principais da morte de crianças no Brasil e no sul do mundo”.
Zilda
Arns havia sido enviada ao Haiti pela Conferência Nacional de Bispos e religiosos
do Caribe para propor a experiência da Pastoral da Criança; ela foi surpreendida pelo
terremoto no final de uma palestra, diante de uma sala cheia. “Zilda se foi – diz
Pe. Beretta – mas sabemos com certeza que sua obra continuará ainda mais sólida e
vital: como a semente que morre para dar a vida”.
Irmã Vera Lúcia Altoé, Coordenadora
Nacional da Pastoral da Criança, escreveu um reflexão sobre a Páscoa, relacionando-a
com a figura da Liderança da Pastoral. Nós a publicamos abaixo:
“É interessante
a gente ver no livro do Gênesis que “Javé, Deus, plantou um jardim em Éden, no Oriente,
e aí colocou o homem que havia modelado”. (...) “Além disso, colocou a árvore da vida
no meio do jardim”. (Gn 2, 8.9b)
Com isto, Deus quis manifestar ao homem que
ele viveria num lugar agradável, num jardim, viveria perto de seus irmãos numa vida
de fraternidade que o levaria a ter uma vida plena. A árvore da vida estava no meio
do jardim. Esta era a proposta de Deus para o homem que não aceitou. Escolheu a morte
e não a vida.
Jesus veio exatamente para recompor este projeto de Deus para
o homem. Ele propôs ao homem amar a Deus e ao seu próximo e assim ter vida em abundância.
Toda a vida de Jesus foi no sentido de propor ao homem que escolhesse a vida. E nós
observamos que “No lugar onde Jesus fora crucificado havia um jardim, onde estava
um túmulo, em que ninguém ainda tinha sido sepultado. Então, por causa do dia de preparação
para a Páscoa e porque o túmulo estava perto, lá colocaram Jesus”. (Jo 19, 41-42)
Jesus
retoma a criação do homem e faz a mesma proposta para os seus seguidores: depois da
sua morte e ressurreição, estes deveriam viver uma vida fraterna, representada pelo
jardim e não poderiam mais escolher a morte, mas somente a vida, pois Ele vencera
a morte.
Os Líderes da Pastoral da Criança, seguidores de Jesus, ao entrarem
para a Pastoral da Criança o fazem porque “se apaixonam pela missão de comunicar vida
aos demais”. (Documento de Aparecida nº 360)
“O Líder da Pastoral da Criança
vai, de casa em casa, acompanhando gestantes e crianças de famílias próximas à sua
casa. Com isso, ele e milhares de líderes da Pastoral da Criança estão continuando
o projeto de Jesus aqui na terra: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em
abundância”. (Jo 10,10) (Guia do Líder da Pastoral da Criança, página 16)
Concluímos
dizendo que realmente o dia da Páscoa é o dia do Líder da Pastoral da Criança porque
ele escolheu a vida e se decidiu colaborar para que as gestantes e as crianças também
tenham vida plena.
Nesse clima de Ressurreição, de busca de vida plena para
todas as nossas crianças e gestantes, quero desejar uma Feliz e Santa Páscoa. Na certeza
de que o Ressuscitado continua fazendo história de vida e de amor com cada um de nós
e nos convida a lançar as redes para as águas mais profundas”. (CM)