PAPA: PÁSCOA NÃO CURA ANGÚSTIAS DA IGREJA, MAS ABRE AO FUTURO
Cidade do Vaticano, 04 abr (RV) - Do patamar da Basílica de São Pedro, o Papa
celebrou esta manhã de domingo a Missa de Páscoa, a festa mais importante do Cristianismo,
que celebra a ressurreição de Cristo depois da morte na Cruz. Às 12h de Roma (7h de
Brasília), Bento XVI concedeu a bênção "Urbi et orbi" (à cidade e ao mundo), transmitida
ao vivo pelas emissoras de televisão de vários países do mundo.
As 40 mil pessoas
presentes na Praça não se desanimaram com a persistente chuva e ouviram com atenção
as palavras do Papa, em sua tradicional mensagem de Páscoa.
Bento XVI afirmou
que “a humanidade atravessa uma crise profunda, que requer mudanças profundas, a partir
das consciências; uma espécie de êxodo, de conversão espiritual e moral”.
“O
Evangelho revelou-nos o cumprimento das figuras antigas: com a sua morte e ressurreição,
Jesus Cristo libertou o homem da escravidão radical, a do pecado, e abriu-lhe a estrada
para a verdadeira Terra Prometida, o Reino de Deus, Reino universal de justiça, de
amor e de paz. Este «êxodo» verifica-se, antes de mais nada, no íntimo do próprio
homem e consiste num novo nascimento no Espírito Santo, é princípio duma libertação
integral, capaz de renovar toda a dimensão humana, pessoal e social”.
O Papa
também pediu e fez orações pela paz na Terra Santa e pelo fim dos crimes ligados ao
tráfico de drogas na América Latina e no Caribe. Encorajou os povos do Haiti e do
Chile, atingidos pelo terremoto, e apelou à comunidade internacional para que não
deixe de enviar ajudas.
O pensamento de Bento XVI foi também à África, e de
modo especial, ao Congo, à Guiné e Nigéria, para que terminem os conflitos que continuam
a provocar destruições e sofrimento e se obtenham paz e reconciliação, garantias de
desenvolvimento.
O Papa referiu-se também aos cristãos que em função de sua
fé sofrem perseguições e são até mesmo mortos, como no Paquistão, e aos que vivem
em meio a provações e sofrimentos, como no Iraque.
Aos países assolados pelo
terrorismo e pelas discriminações sociais ou religiosas, o Pontífice recomendou que
favoreçam o diálogo e a convivência serena e o desenvolvimento de uma economia solidária:
“Aos responsáveis de todas as Nações, a Páscoa de Cristo traga luz e força
para que a atividade econômica e financeira seja finalmente orientada segundo critérios
de verdade, justiça e ajuda fraterna”.
Concluindo sua Mensagem “Urbi et orbi”,
o Papa disse que Páscoa não efetua magias:
“Assim como, para além do Mar Vermelho,
os hebreus encontraram o deserto, assim também a Igreja, depois da Ressurreição, encontra
sempre a história com as suas alegrias e as suas esperanças, os seus sofrimentos e
as suas angústias. E, todavia esta história mudou, está marcada por uma aliança nova
e eterna, está realmente aberta ao futuro. Salvos na esperança, prosseguimos a nossa
peregrinação, levando no coração o cântico antigo e sempre novo: «Cantemos ao Senhor:
é verdadeiramente glorioso!».
Após a leitura da mensagem, Bento XVI saudou
os fiéis, que a este ponto somavam cem mil – segundo a Polícia romana – em 65 línguas,
2 a mais do que no ano passado: islandês e cazaque.
Em seguida, concedeu a
todos os que participaram, pessoalmente ou através do rádio ou TV, a benção pascal,
com a indulgência plenária.
Para ouvir os votos do Papa em português, clique
aqui: (CM)