Cidade de Vaticano, 1° abr (RV) - A Presidência da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) expressou, numa nota, sua solidariedade ao Papa Bento XVI.
O texto foi ao ar através das TVs Católicas de todo o Brasil na noite desta
quarta-feira, 31 de março, às 19h, em cadeia nacional, proferido pelo Presidente da
CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha, Arcebispo de Mariana (MG).
Segue a nota da CNBB.
O
povo católico de todo o mundo acompanha, com profunda dor no coração, as denúncias
de inúmeros casos de abuso sexual de crianças e adolescentes praticado por pessoas
ligadas à Igreja, particularmente padres e religiosos. A imprensa tem noticiado com
insistência incomum, casos acontecidos nos Estados Unidos, na Alemanha, na Irlanda,
e também no Brasil.
Sem temer a verdade, o Papa Bento XVI não só reconheceu
publicamente esses graves erros de membros da Igreja, como também pediu perdão por
eles. Disso nos dá testemunho a carta pastoral que o Santo Padre enviou aos católicos
da Irlanda e que pode se estender aos católicos de todo o mundo.
Mais do que
isso, Bento XVI não receou manifestar seu constrangimento e vergonha diante desses
atos que macularam a própria Igreja. Firme, o Papa condenou a atitude dos que conduziram
tais casos de maneira inadequada e, com determinação, afirmou que os envolvidos devem
ser julgados pelos tribunais de justiça. Não faltou ao Papa, também, mostrar a todos
o horizonte da misericórdia de Deus, a única capaz de ajudar a pessoa humana a superar
seus traumas e fracassos.
Às vítimas o Papa expressou ter consciência do mal
irreparável a que foram submetidas. Disse Bento XVI: “Sofrestes tremendamente e por
isto sinto profundo desgosto. Sei que nada pode cancelar o mal que suportastes. Foi
traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade. É compreensível que vos seja
difícil perdoar ou reconciliar-vos com a Igreja. Em seu nome expresso abertamente
a vergonha e o remorso que todos sentimos”.
Essa coragem do Sucessor de Pedro
nos coloca a todos em estado de alerta. Meditamos sobre esses atos objetivamente graves,
e estamos certos de que – como fez o Papa – devem ser enfrentados com absoluta firmeza
e coragem.
É de se lamentar, no entanto, que a divulgação de notícias relativas
a esses crimes injustificáveis se transforme numa campanha difamatória contra a Igreja
Católica e contra o Papa. Deixam-nos particularmente perplexos os ataques freqüentes
e sistemáticos, ao Papa Bento XVI, como se o então Cardeal Ratzinger tivesse sido
descuidado diante dessa prática abominável ou com ela conivente. No entanto, uma análise
objetiva dos fatos e depoimentos dos próprios envolvidos nos escândalos revela a fragilidade
dessas acusações. O Papa, ao reconhecer publicamente os erros de membros da Igreja
e ao pedir perdão por esta prática, não merecia esse tratamento, que fere, também,
grande parte do povo brasileiro, que sofre com esses momentos difíceis, e reza pelas
vítimas e seus familiares, pelos culpados, mas também pelas dezenas de milhares de
sacerdotes que, no mundo todo, procuram honrar sua vocação.
De fato, “a imensa
maioria de nossos sacerdotes não está envolvida nesta problemática gravemente condenável.
Provavelmente, não chegam a 1% os envolvidos. Ao contrário, os demais 99% de nossos
sacerdotes, de modo geral, são homens de Deus, dignos, honestos e incansáveis na doação
de todas as suas energias ao seu ministério, à evangelização, em favor do povo, especialmente
a serviço dos pobres e dos marginalizados, dos excluídos e dos injustiçados, dos desesperados
e sofridos de todo tipo” (cf. Cardeal Cláudio Hummes, 12ºENP).
No momento
em que a Igreja Católica e a própria pessoa do Santo Padre sofrem duros e injustos
ataques, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil manifesta sua mais profunda união
com o Papa Bento XVI e sua plena adesão e total fidelidade ao Sucessor de Pedro.
A
Páscoa de Cristo, que celebramos nesta semana, nos leva a afirmar com o apóstolo Paulo:
“Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos em apuros,
mas não desesperançados; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados”
(2Cor 4,8-9). Nossa fé nos garante a certeza da vitória da luz sobre as trevas; do
bem sobre o mal; da vida sobre a morte.
Dom Geraldo Lyrio Rocha Arcebispo
de Mariana Presidente da CNBB
Dom Luiz Soares Vieira Arcebispo de Manaus Vice
Presidente da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro Secretário-Geral
da CNBB