BRASIL, PAÍS MAIS INJUSTO DA AMÉRICA LATINA

Rio de Janeiro, 29 mar (RV) - Um estudo divulgado pela ONU-Habitat (Programa de Assentamentos Humanos da ONU) no Rio de Janeiro, revela que o Brasil é o país mais desigual da América Latina: os 10% mais ricos concentram 50,6% da renda, segundo o relatório. Na outra ponta, os 10% mais pobres ficam com apenas 0,8% da riqueza brasileira.

O problema da má distribuição de renda afeta a América Latina como um todo: é a região mais urbanizada e desigual do mundo e suas cidades perpetuaram o modelo de desigualdade da época colonial. 20% latino-americanos mais ricos concentram 56,9% da riqueza da região.

Cerca de 80% da população latino-americana vive em cidades, o dobro que nos anos 50, e a pobreza não parou de crescer e já afeta 127 milhões de pessoas, 29% da população urbana.

"É uma questão de desenvolvimento econômico. As cidades deram alternativas de vida a muitas pessoas" - afirmou a diretora da ONU-Habitat para a América Latina, Cecilia Martínez.
Segundo o relatório, a pobreza é um problema muito mais grave nas cidades menores e nas áreas rurais, como no caso do Brasil, onde a miséria afeta 50,1% da população rural ou o do Peru (69,3%), Colômbia (50,5%) e México (40,1%).

O México é o segundo mais desigual, já que os 10% mais ricos da população recebem 42,2% da renda, enquanto os 10% mais pobres ficam com apenas 1,3%. Na Argentina, em terceiro lugar, 41,7% da renda está concentrada com os 10% mais ricos, enquanto os 10% mais pobres têm apenas 1,1%.

O único país que registrou uma redução significativa das desigualdades, segundo o documento, foi a Venezuela.

A ONU alertou para os problemas gerados pela rápida urbanização, como o aumento dos riscos pelas mudanças climáticas que se agravam nas áreas vulneráveis onde costumam se construir as precárias moradias.

“Parte da solução dos problemas climáticos pode servir também de ajuda para as questões urbanas” - comentou a diretora da ONU.
(CM)