2010-03-28 11:21:09

O tema do domingo de Ramos é o seguir a Cristo, considerar a sua via o caminho justo para a existência. Nisso consiste ser cristão: Bento XVI na Missa de Ramos, na praça de São Pedro.
Apelo à paz em Jerusalém, no respeito pelos direitos de todos


“Ser cristão é um caminho, ou melhor, uma peregrinação, um caminhar juntamente com Jesus Cristo. Ir naquela direcção que Ele nos indicou e indica” – esta a mensagem que Bento XVI quis deixar aos jovens, neste Domingo de Ramos, vigésimo quinto Dia Mundial da Juventude, celebrado desta vez a nível das dioceses. Sob um esplêndido sol primaveril, dezenas de milhares de fiéis, na maioria jovens, congregaram-se na Praça de São Pedro, em Roma, para a celebração que dá início à “Semana Santa”, a “Semana Maior”, que conduz à Páscoa de Ressurreição, domingo próximo.

O tema do domingo de Ramos – sublinhou o Papa, na homilia da Missa – é “o seguimento (de Cristo)”: “ser cristãos significa considerar a via de Jesus Cristo como a via justa para sermos homens – aquela via que nos conduz à meta, a uma humanidade plenamente realizada e autêntica”. O Evangelho da bênção dos Ramos começa com a frase “Jesus caminhava à frente de todos, subindo a Jerusalém”. O caminho no qual somos chamados a seguir Jesus é antes de mais uma subida, um subir. “Antes de mais (reflectiu Bento XVI) um subir à verdadeira altura do ser homem. O homem pode escolher uma via cómoda e pôr de lado qualquer fadiga. Pode também descer para baixo, para o que é indigno. Pode enterrar-se no lodo da falsidade e da desonestidade. Jesus caminha à nossa frente, em direcção ao alto”.

“Ele (Jesus) conduz-nos para o que é grande, puro, conduz-nos para o ar sadio das alturas: para a vida segunda a verdade; para a coragem que não se deixa intimidar pelo palavreado das opiniões dominantes; para a paciência que suporta e sustenta o outro. Conduz-nos à disponibilidade para com os que sofrem, para com os abandonados; para a fidelidade que está da parte do outro mesmo quando a situação se torna difícil. Conduz-nos ao amor – conduz-nos a Deus”.

Seguir Jesus na sua “subida a Jerusalém”, uma via que prossegue até ao fim dos tempos – prosseguiu Bento XVI – recorda o que significa “Jerusalém”, a cidade onde se encontrava o Templo de Deus, cuja unicidade devia aludir à unicidade do próprio Deus. Este lugar diz-nos, portanto, que “Deus é um só para todo o mundo, supera imensamente todos os nossos lugares e tempos: é aquele Deus a que pertence toda a criação. É o Deus que todos os homens, no mais fundo de si próprios procuram e do qual todos, de algum modo, têm conhecimento. Mas este Deus tem um nome. Deu-se-nos a conhecer, empreendeu com os homens uma história… O Deus infinito é ao mesmo tempo o Deus próximo. Não pode ser retido em qualquer edifício, e contudo quer habitar no meio de nós, quer estar totalmente connosco”.

Jesus sobe a Jerusalém para aí celebrar, com Israel, a Páscoa. E sobe com a consciência de ser Ele próprio o Cordeiro no qual se cumprirá o que o Livro do Êxodo diz a propósito: um cordeiro sem defeito, macho, que ao pôr-do-sol, perante os olhos dos filhos de Israel, é imolado “como rito perene”.

“Na amplidão da subida de Jesus tornam-se visíveis as dimensões do nosso seguimento – a meta a que Ele nos quer conduzir: até às alturas de Deus, à comunhão com Deus, ao estar-com-Deus. É esta a verdadeira meta, é a comunhão com Ele, que é a via. A comunhão com Ele é um estar em caminho, uma permanente subida para a verdadeira altura da nossa chamada. Caminhar juntamente com Jesus é sempre, ao mesmo tempo, um caminhar no nós daqueles que querem seguir com Ele. Ele introduz-nos nesta comunidade”.

Sendo um caminhar para a verdadeira vida, até sermos homens conformes ao modelo do Filho de Deus, Jesus Cristo – considerou ainda o Papa – isso supera as nossas próprias forças. Seguir este caminho é também ser conduzidos, transportados. É Jesus que nos atrai e nos sustenta. Faz parte do seguir a Cristo que nos deixemos integrar nesta “comitiva” e neste movimento conjunto…

“Requer este acto de humildade, o entrar no nós da Igreja. O agarrarmo-nos aos outros, a responsabilidade da comunhão – o não romper a corda (que nos liga) com contumácia e pedantismo. Crer humildemente com a Igreja, mantermo-nos firmes conjuntamente com os outros na subida para Deus é uma condição essencial do seguir a Cristo. Requer também o não nos comportar-se como padrão da Palavra de Deus, não seguir uma ideia incorrecta de emancipação. É essencial para a subida a humildade do ser-com”.
 
Nas saudações finais, ao concluir a Missa, passado já o meio-dia, antes da recitação do Angelus, Bento XVI evocou o Domingo de Ramos de há 25 anos atrás. Esse ano de 1985 tinha sido consagrado pelas Nações Unidas aos jovens. João Paulo II decidiu a partir daí congregar os jovens, em todo o mundo, neste dia da entrada de Jesus em Jerusalém.

“Há 25 anos o meu amado Predecessor convidou os jovens a professar a sua própria fé em Cristo que tomou sobre si a causa do homem. Renovo hoje este apelo à nova geração, a que dê testemunho, com a força mansa e luminosa da verdade, para que aos homens e mulheres do terceiro milénio não falte o modelo mais autêntico: Jesus Cristo”.

Finalmente, uma referência especial a “Jerusalém, onde se cumpriu o mistério pascal”.

“Sofro profundamente com os recentes contrastes e tensões mais uma vez verificados à volta desta Cidade, que é a pátria espiritual de Cristãos, Judeus e Muçulmanos, profecia e promessa daquela reconciliação universal que Deus deseja para toda a família humana.
A paz é um dom que Deus confia à responsabilidade humana, para que cultive através do diálogo e no respeito pelos direitos de todos, a reconciliação e o perdão.
Rezemos pois para que os responsáveis pela sorte de Jerusalém empreendam com coragem o caminho da paz e o sigam com perseverança!”









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