Cidade do Vaticano, 27 mar (RV) - Nesta quarta-feira o mundo celebrou os 30
anos do martírio de Dom Oscar Romero, arcebispo de São Salvador, assassinado em 24
de março de 1980, por um atirador de elite do exército salvadorenho, durante uma missa
de sufrágio que celebrava por uma senhora, na capela de um hospital para cancerosos.
O mundo recebeu a notícia de seu assassinato, com grande indignação, suscitando comoção
e protestos.
Dom Oscar Romero foi um filho legítimo do Vaticano II, de Medellín
e, sobretudo, das decisões de Puebla. A Conferência de Aparecida, fiel à memória de
Dom Romero em seu serviço aos pobres, declarou: “Comprometemo-nos a trabalhar para
que a Igreja latino-americana e do Caribe continue sendo, com maior afinco, companheira
de caminho de nossos irmãos mais pobres, inclusive até ao martírio”. Dom Oscar Romero
trabalhou dentro da área religiosa, sua linguagem era eclesial. Lutou pelos direitos
humanos enquanto ensinava e praticava as bem-aventuranças evangélicas, dar comida
e bebida a quem tem fome e sede, visitar os doentes e presos, enfim, todos os atos
de caridade cristã e lutou também pelos direitos divinos enquanto ensinava e praticava
o perdão e a reconciliação.
Este grande bispo mártir viu a realidade dura de
um povo mergulhado em uma guerra, reconheceu e assumiu seu papel estratégico como
pastor de uma Igreja perseguida, e em plena sintonia com a mensagem de Cristo, constituiu-se
em paradigma fiel do agir da Igreja feita opção pelos pobres e servidora do Reino
de Deus. Suas últimas palavras foram premonitórias: “unamo-nos, pois, intimamente
na fé e na esperança a este momento de oração por dona Sarita e por nós”.
Dom
Romero denunciava diariamente as injustiças contra a população e os assassinatos políticos
perpetrados pelos “esquadrões da morte” pagos por um poder econômico opressor, com
o apoio de governos estrangeiros, e pedira na semana anterior à sua morte que os soldados
não mais obedecessem às ordens de matar seus irmãos. Esta foi sua sentença de morte.
Que
a semente lançada por Dom Oscar Romero possa continuar fecundando o solo da Igreja
na América Latina – e não só – e que a Páscoa, que estamos para celebrar fortaleça
em nós, a exemplo desse nosso irmão mártir, o impostergável compromisso evangélico
de lutar por um mundo mais justo e mais fraterno. (CAS)