SANTA SÉ: DESRESPEITO A MINORIAS FERE A FAMÍLIA HUMANA
Genebra, 24 mar (RV) - O Arcebispo Silvano Tomasi, representante da Missão
Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas em Genebra, falou ontem durante a 13 ª Sessão
do Conselho de Direitos Humanos, que abrange questões de racismo, discriminação racial,
xenofobia e formas conexas de intolerância.
Dom Tomasi centrou seu discurso
no tema das perseguições religiosas a minorias, e citando recentes episódios de ridicularização
da religião, de desrespeito por personalidades e símbolos religiosos, discriminação
e assassinatos de seguidores de religiões minoritárias. Esta conotação negativa da
religião no espaço público fere a coexistência pacífica e os sentimentos de segmentos
importantes da família humana.
A proteção do direito à liberdade religiosa
é particularmente importante, uma vez que os valores religiosos são uma ponte para
os direitos humanos. A dignidade humana, de fato, está enraizada na união das componentes
espiritual e material da pessoa.
O respeito do direito de todos à liberdade
religiosa não exige a secularização completa da esfera pública ou o abandono de todas
as tradições culturais; enquanto o respeito da liberdade de expressão não autoriza
o desrespeito dos valores partilhados por uma sociedade particular.
O Arcebispo
relançou a proposta de realizar um congresso sobre a liberdade de religião, reunindo
temas evocados pelas novas formas de pluralismo social e uma compreensão mais acurada
da dignidade humana.
Dom Tomasi frisou que a Delegação da Santa Sé está convencida
que um bom caminho para a coexistência pacífica seria uma atitude mais positiva em
relação às religiões e culturas, e, por conseguinte, através de um melhor diálogo
entre as diferentes crenças, da promoção sincera do direito à liberdade de religião
em todos os seus aspectos, e de um debate franco e aberto entre os representantes
das diferentes religiões.
Concluindo, a Santa Sé convida os países-membros
do Conselho a inspirar-se nestes incidentes de intolerância religiosa e cultural e
transformá-los numa oportunidade para um novo compromisso com o diálogo e com a reafirmação
do direito e do valor de pertença a uma comunidade de fé ou crença.
Tal escolha
individual, no entanto, é uma expressão pessoal dos direitos humanos fundamentais,
e consequentemente, deve ser sempre exercida no contexto do bem comum. (CM)