Bagdá, 24 mar (RV) – “Está crescendo o número de iraquianos que desejam um
país administrado pela razão e pela lei e não por uma confissão e uma etnia. Há o
desejo de um Estado de direito, e isso me parece um fato muito positivo”. Na expectativa
de conhecer os resultados definitivos das eleições que, com muita probabilidade serão
divulgados na sexta-feira, dia 26 de março, o Arcebispo de Bagdá, Dom Jean Benjamin
Sleiman, comenta assim à agência Sir o voto de 7 de março último no Iraque.
A
contagem dos votos – já apurados 95% do total até o momento – registra um corpo a
corpo entre o premier que deixa o poder Nuri al Maliki e o opositor Yyad Allawi, com
uma leve vantagem para Maliki. “Os apelos à laicidade em vista do voto – explica Dom
Sleiman – foram acolhidos também em virtude do fato que um certo tipo de ligação entre
religião e política não deu frutos em nível social, econômico e cultural. A novidade
do voto está também na variedade das listas apresentadas”. Uma variedade que porém,
segundo Dom Sleiman, “favoreceu também a fragmentação política dos cristãos que poderia
ter sido evitada”.
Qualquer que seja o resultado definitivo que sairá das urnas,
acrescenta o Arcebispo latino, “o novo Parlamento e o novo Governo deverão deter os
massacres de cristãos, em andamento especialmente em Mossul, encontrando mandantes
e executores desses crimes. O Estado deve intervir e se não é capaz, peça ajuda a
outros para resolver a questão. É inaceitável que pessoas sejam assassinadas deste
modo”.
Quem também deseja um governo leigo é o Arcebispo caldeu de Mossul,
Dom Emil Shimoun Nona, que à margem de uma entrevista sobre as próximas celebrações
de Páscoa, convidou as “autoridades da cidade a fornecer notícias sobre o motivo de
tanta violência contra os cristãos, sobre as investigações dos crimes cometidos contra
a nossa comunidade que está perdendo a confiança no Estado”. (SP)