Brasília, 23 mar (RV) - “O grupo mais sofrido é o da juventude pela dor da
perda”. A frase é do Presidente da Conferência dos Religiosos do Haiti, Auguste Dufraine,
que está participando da Conferência Latinoamericana e Caribenha de Religiosos (CLAR),
que se realiza em Brasília desde o dia 19 e termina amanhã, quarta-feira.
Auguste
Dufraine completa sua frase dizendo que “a maior alegria depois do terremoto que devastou
a capital haitiana, Porto Príncipe, foi dos jovens em encontrar os colegas vivos”.
Ele lembrou ainda que o pesadelo da juventude continua presente porque as aulas ainda
não recomeçaram.
Em entrevista, o Presidente dos Religiosos do Haiti destaca
que a maioria das crianças haitianas está ainda em tendas organizadas por congregações
religiosas no local. Elas ainda não podem ir à escola, mas saem à rua, brincam, jogam
e são fonte de alegria para o povo.
O religioso, porém, ressalta que o medo
continua entre a população daquele país. “As pessoas ficaram hipersensíveis, porque
traumatizadas com o terremoto. Quando ouvem algum ruído de carros, já pensam que vem
outro tremor. Após o terremoto elas não conseguiam sair nem brincar, nem falar normalmente,
de tão traumatizadas e apavoradas que estavam”.
A Igreja no Haiti já se organizou
para reconstruir as casas religiosas no país. Segundo Dufraine, foi formada uma comissão
para a reconstrução da vida religiosa em conjunto, de forma que as congregações serão
solidárias umas com as outras se ajudando a na reconstrução das casas. “É um momento
de solidariedade. Há instituições que não são de cunho internacional, só tinham casa
no Haiti e perderam tudo” - completou Dufraine. (RD-CNBB)