Roma, 18 mar (RV) - O Instituto Internacional Jacques Maritain, com sede em
Roma, está festejando 35 anos de fundação com um evento de 4 dias no Centro Cultural
Saint-Louis de France, fundado pelo próprio Maritain enquanto vivia em Roma, como
embaixador da França junto à Santa Sé (de 1944 a 1947).
Ontem à tarde, foi
apresentado o livro “Um laboratório pra a democracia”, obra do historiador Jean-Dominique
Durand, vice- presidente do Instituto e professor na Universidade Jean Moulin de Lion.
A partir de hoje, estão programadas palestras com a abordagem de Jacques Maritain
como “filósofo da pessoa” e que querem refletir sobre as atividades do Instituto à
luz de alguns aspectos fundamentais do pensamento de Maritain e de sua influência
nos problemas modernos como direitos humanos, liberdade e democracia, globalização
e paz.
O Bispo Marcelo Sánchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das
Ciências e Sociais, abre os trabalhos, seguido pela Professora Maria Luiza Marcilio,
da Universidade de São Paulo, e por uma série de intervenções de filósofos e intelectuais.
O Congresso termina na manhã do dia 20 com um seminário dedicado à Encíclica
de Bento XVI Caritas in Veritate,
Jacques Maritin nasceu em 18 de novembro
de 1882 em Paris; em 1900 ingressou na Faculdade Sorbonne, onde encontrou Raissa Oumançoff
(nascida em Rostov, ao sul da região do Don, na Ucrânia, em 1883), com quem se casou
em 1904.
Em 1904, converteu-se ao Catolicismo; no ano seguinte, Jacques, Raissa
e sua irmã Vera receberam o batismo.
Após estudar biologia em Heidelberg,
na Alemanha, retornou à França e em Versailles, conheceu as obras de Santo Tomás.
Foi professor de filosofia do Instituto Católico de Paris e nomeado Doutor
da Sagrada Congregação para os seminaristas e as Universidades. Em 1922, com a esposa
Raissa, publicou ‘Vida de oração’. Até 1939, em Meudon, publica numerosas obras,
entre as quais: Primado do Espírito (1927), Religião e Cultura (1930); a sua obra
mestra: Distinguir para unir ou Os graus do saber (1932), a sua obra mais conhecida:
Humanismo Integral (1936); juntamente com Raissa: Situação da poesia (1938). Difunde-se
nos países a sua fama de filosofo tomista. Participa ativamente do debate político.
Em 1940, é obrigado a deixar a França, pois Raissa e Vera são judias. Os Maritain
se transferem para os Estados Unidos. Em Nova Iorque, sua casa torna-se um ponto de
encontro de intelectuais e artistas franceses no exílio. Ensina em algumas Universidades
americanas.
As obras deste filósofo influenciaram a ideologia da Democracia
cristã. Escreveu mais de sessenta volumes e hoje, é um dos pilares da renovação do
pensamento tomista no século XX.
Entre outras coisas, publica: Cristianismo
e democracia; Rumos da educação (1943) e De Bérgson a Santo Tomás de Aquino (1944).
Preside a Conferência Geral da UNESCO, em 1947.
Voltando para o ensino, é
professor da Universidade de Princeton (1948-1959). Publica entre outros livros: O
significado do ateísmo contemporâneo (1949); O homem e o Estado (1951); A intuição
criativa na arte e na poesia; Em busca de Deus (1953); Por uma filosofia da Historia
(1957); A filosofia moral (1960); em colaboração com Raissa: Liturgia e contemplação
(1959). Entre os diversos prêmios e homenagens recebidos, temos: O Anual “Christian
Culture Award” (1942), o Prêmio Leão XIII da parte da Sheil School of Social Studies
de Chicago (1948); a Cadeira de honra da parte do Centro Católico dos intelectuais
franceses de Paris(1956); a fundação do Centro Jacques Maritain da Universidade de
Notre-Dame em Indiana (USA)(1958).
Em 1959, morre sua cunhada Vera e, no ano
seguinte, em Paris, Raissa, durante uma de suas viagens a França. Dois anos mais tarde,
transfere-se a Toulouse, onde se estabelece junto aos Irmãozinhos de Jesus. Recebe
o Grande Prêmio de Literatura da Academia Francesa e o Grande Prêmio Nacional de Letras.
Publica duas obras de Raissa: As observações sobre o Pater e O diário. Em 1965, recebe
de Paulo VI, na sessão conclusiva do Concilio Ecumênico Vaticano II, a mensagem aos
intelectuais. Publica algumas obras filosóficas de teologia: Deus e a permissão do
mal (1963); Le paysan de la Garonne (1966), suscitando vivo debate; Sobre a graça
e a humanidade de Jesus (1967); A Igreja de Cristo (1970). É também importante a publicação
de seu volume autobiográfico: Memórias e apontamentos (1965). Em 1970, recebe o habito
dos Irmãozinhos de Jesus em Tolosa, pronunciando os votos em 1971.
Morre em
28 de abril de 1973, em Toulouse, sendo sepultado em Kolbsheim ao lado de Raissa.
Sai um volume póstumo: “Approches sans entraves”, escritos de filosofia cristã. (CM)