Reconhecendo-nos amados com um amor gratuito, maior do que a nossa miséria e a nossa
justiça, entremos finalmente numa relação verdadeiramente filial e livre com Deus,
foi o convite do Papa antes da recitação do Angelus deste IV Domingo da Quaresma
(14/3/2010) Nas palavras proferidas antes da recitação do Angelus com os milhares
de pessoas congregadas ao meio dia na Praça de São Pedro Bento XVI comentou o trecho
do Evangelho deste IV Domingo da Quaresma, conhecido como a parábola do filho pródigo. Um
testo evangélico que, como disse o Papa, tem o poder de nos falar de Deus, de nos
fazer conhecer o seu rosto, ou melhor ainda, o seu coração. Depois de Jesus nos ter
falado do Pai misericordioso, as coisas já não são como dantes, agora conhecemos Deus:
“Ele é o nosso Pai que por amor nos criou livres e dotados de consciência que
sofre se nos perdemos e que faz festa se voltamos. Por isso a relação com ele constrói-se
através de uma historia, analogamente ao que acontece com cada filho em relação aos
próprios pais: no inicio depende deles; depois reivindica a própria autonomia; e finalmente,
se se verifica um desenvolvimento positivo – chega a uma relação madura, baseada no
reconhecimento e no amor autentico. Nestas etapas – salientou depois Bento XVI
– podemos ler também momentos do caminho do homem na relação com Deus. Pode haver
uma fase que é como a infância: uma religião movida pela necessidade, pela dependência
. Pouco a pouco o homem cresce e emancipa-se, quer libertar-se desta submissão e tornar-
se livre, adulto, capaz de regular-se sozinho e de efectuar as próprias opções de
maneira autónoma , pensando também de poder prescindir de Deus. Precisamente esta
fase é delicada, pode levar ao ateísmo , mas também esta situação, não poucas vezes
esconde a exigência de descobrir o verdadeiro rosto de Deus, acrescentou o Papa –
salientando a este propósito: “Para a nossa sorte, Deus nunca falta á sua fidelidade,
e mesmo que nos afastemos e perdemos , continua a seguir-nos com o seu amor, perdoando
os nosso erros e falando interiormente á nossa consciência para nos chamar a si. Prosseguindo
o seu comentário sobre o trecho evangélico do filho pródigo o Santo Padre sublinhou
que tanto a hipocrisia como a rebelião são uma maneira errada de relacionar-se com
Deus. Os dois filhos – explicou – comportam-se de maneira oposta: o menor vai-se embora
e cai cada vez mais em baixo, enquanto que o maior permanece em casa, mas também ele
mantém uma relação não madura com o Pai; de facto quando o irmão regressa casa, o
maior não é feliz, como é o Pai, ao contrário zanga-se e não quer entrar em casa.
Os dois filhos – acrescentou o Papa – representam duas maneiras não maduras de relacionar-se
com Deus: a rebelião e a hipocrisia Ambas estas formas se superam através da experiencia
da misericórdia. Somente experimentando o perdão, reconhecendo-nos amados com um
amor gratuito, maior do que a nossa miséria mas também do que a nossa justiça, entremos
finalmente numa relação verdadeiramente filial e livre com Deus E Bento XVI concluiu
com o seguinte convite: “Queridos amigos – meditemos esta parábola. Espelhemo-nos
nos dois filhos e sobretudo contemplemos o coração do Pai. Lancemo-nos entre os seus
braços e deixemo-nos regenerar pelo seu amor misericordioso. Que nisto nos ajude a
Virgem Maria, mãe de misericórdia Depois da recitação do Angelus não faltou neste
domingo uma saudação do Papa em português Saúdo também os
peregrinos de língua portuguesa, especialmente o grupo de brasileiros que quis fazer
deste encontro com o Sucessor de Pedro na Oração do Angelus uma etapa de sua
caminhada