PAPA A BISPOS DO SUDÃO: PROMOVER RECONCILIAÇÃO E PERDÃO, SUPERAR DIVISÕES ENTRE ETNIAS
Cidade do Vaticano, 13 mar (RV) - Superar "distinções de raça ou de etnia numa
generosa troca de dons": foi a mensagem que o Santo Padre lançou à Igreja e ao povo
do Sudão em seu discurso aos bispos do país africano, recebidos na manhã deste sábado,
no Vaticano, em visita "ad Limina".
Bento XVI agradeceu aos sacerdotes, religiosos
e religiosas do Sudão por seu "generoso serviço". Ressaltou a importância de testemunhar
o amor de Cristo em todos os aspectos da vida, recordando a contribuição que a Universidade
Santa Maria da cidade de Juba pode dar junto com os movimentos eclesiais.
"A
fidelidade de vocês ao Senhor e o seu empenho entre dificuldades e sofrimentos leva
eloqüente testemunho do poder da Cruz que ilumina limites e fraquezas humanas." Bento
XVI agradeceu assim aos bispos do Sudão, ressaltando como pacientemente trabalham
para o bem de seu país, para repelir um retorno à guerra, para promover uma paz estável
em todos os níveis da vida nacional.
O Pontífice evocou "reconciliação e perdão"
para o grande país africano, que em 2005 saiu de uma guerra civil de duas décadas
e que ainda está à espera do primeiro pleito eleitoral desde o fim do conflito, e
que também aguarda um previsto referendum sobre a eventual autonomia do Sul do país.
Um
país do qual Bento XVI recordou os males sociais que poderiam impedir que a paz crie
"raízes profundas": em particular, "a corrupção, as tensões étnicas, a indiferença
e o egoísmo". Diante de tudo isso, o Papa pediu aos bispos que promovam a "justiça,
responsabilidade e caridade".
O Santo Padre enfatizou que tratados e acordos
são indispensáveis nos processos de paz, mas que dão fruto se são acompanhados pelo
exercício de uma liderança amadurecida e moralmente alta.
Em seguida, Bento
XVI convidou os bispos sudaneses a "suscitarem na população um sentido de responsabilidade
para com as gerações presentes e futuras, encorajando perdão, aceitação recíproca
e respeito pelos compromissos assumidos".
Como arautos do Evangelho, vocês
bispos – recomendou o Papa – sejam "sinal e instrumento de uma humanidade renovada
e reconciliada", experimentando assim a paz da comunhão com Cristo.
Bento XVI
citou a experiência da recente Assembléia Especial para a África do Sínodo dos Bispos
como ocasião de oração pela reconciliação e o perdão.
O Papa fez um convite
a "uma generosa troca de dons sem distinções de raça ou etnia", e depois louvou o
compromisso dos bispos do Sudão em manter boas relações com os fiéis do Islã". O Pontífice
pediu "a mesma abertura e o mesmo amor" para com os seguidores das religiões tradicionais.
O
Sudão é o maior país da África. Tem uma população numericamente relativamente baixa:
cerca de 37 milhões de habitantes, 80% dos quais muçulmanos, e 17% cristãos. Sofre
uma grave pobreza e as conseqüências de uma guerra civil que causou dois milhões de
mortos e provocou quatro milhões e meio de deslocados.
Após dois adiamentos
estão sendo aguardadas para abril próximo as primeiras eleições pós-conflito. Está
previsto para 2011 um referendo que poderia conceder a independência à atual região
autônoma do Sul do Sudão. Uma consulta que tem gerado muitas tensões sociais. (RL)