NOTA DO PADRE LOMBARDI SOBRE ABUSOS SEXUAIS NA ALEMANHA
Cidade do Vaticano, 13 mar (RV) - “Uma direção clara também em águas agitadas”.
Nota do diretor da Rádio Vaticano, Padre Federico Lombardi.
Na conclusão
desta semana na qual a atenção de grande parte da imprensa européia se concentrou
sobre a questão dos abusos sexuais cometidos por pessoas e em instituições da Igreja
Católica, nos permitimos três observações.
Antes de tudo, a direção tomada
pela Conferência Episcopal Alemã, se confirmou o caminho justo para enfrentar o problema
nos seus diversos aspectos. As declarações do Presidente da Conferência, Arcebispo
Zollitsch, após o encontro com o Santo Padre, retomam as linhas estabelecidas na recente
Assembléia da Conferência e reafirmam os pontos operativos essenciais: reconhecer
a verdade e ajudar as vítimas, reforçar a prevenção e colaborar de modo construtivo
com as autoridades – inclusive com as judiciárias do Estado – para o bem comum da
sociedade. Dom Zollitsch reafirmou ainda sem incertezas a opinião de peritos segundo
os quais a questão do celibato não deve de modo algum ser confundida com a questão
da pedofilia. O Santo Padre encorajou a linha dos bispos alemães, que – mesmo com
as especificidades do contexto do seu país – pode também ser considerada um modelo
muito útil e inspirador para outras Conferências Episcopais que se encontrem a enfrentar
análogos problemas.
Além do mais, a importante e ampla entrevista concedida
pelo Promotor de Justiça da Congregação para a Doutrina da Fé, Mons. Charles Scicluna,
explica detalhadamente o significado das normas canônicas específicas estabelecidas
pela Igreja nos anos passados para julgar os gravíssimos delitos de abuso sexual contra
menores por parte de eclesiásticos. Torna-se absolutamente claro que tais normas não
pretenderam e não favoreceram alguma cobertura de tais delitos, mas ao contrário,
colocaram em andamento uma intensa atividade para enfrentar, julgar e punir adequadamente
esses delitos no quadro do ordenamento eclesiástico. É justo recordar que tudo foi
impostado e iniciado quando o Cardeal Ratzinger era Prefeito da Congregação. A sua
linha sempre foi a do rigor e da coerência para enfrentar inclusive as situações mais
difíceis.
Enfim, a Arquidiocese de Munique respondeu, com um comunicado amplo
e detalhado, as interrogações sobre o episódio de um sacerdote que tinha se transferido
de Essen para Munique no período em que o então Cardeal Ratzinger era arcebispo da
cidade; sacerdote que se tornou culpado de abusos. O comunicado evidencia que o Arcebispo
não tinha nenhum conhecimento das decisões tomadas, após as quais se verificaram tais
abusos.
Fica claro que nos últimos dias algumas pessoas procuraram – com uma
certa obstinação, em Ratisbona e em Munique – elementos para envolver pessoalmente
o Santo Padre nas questões dos abusos. Para todo observador objetivo, é evidente que
esses esforços faliram.
Apesar da tempestade, a Igreja vê muito bem o caminho
a seguir, sob a guia segura e rigorosa do Santo Padre. Como já tivemos modo de observar,
esperamos que este tormento possa ser, no fim, de ajuda à sociedade no seu conjunto,
para assumir cada vez mais a proteção e a formação da infância e da juventude. (SP)