FREI CANTALAMESSA: EUCARISTIA ACOMPANHE SACERDOTES E LEIGOS DURANTE VIDA INTEIRA
Cidade do Vaticano, 12 mar (RV) - Na segunda pregação da Quaresma, o Pregador
da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa, dedicou a sua meditação, na presença
do Papa e da Cúria Romana, à figura do sacerdote e ao dom da Eucaristia. O mistério
sacerdotal – disse o frade capuchinho na Capela Redemptoris Mater da residência apostólica
– se funda no anúncio do Evangelho e adquire a sua força e eficácia do sacrifício
de Cristo. Para ser sacerdote o presbítero deve oferecer a si mesmo como Jesus.
O
sacerdócio cristão só se explica como "dependência e como participação sacramental
do sacerdócio de Cristo". O presbítero no altar não representa somente o Jesus "sumo
sacerdote", mas também o Jesus "suma vítima":
"A oferta do sacerdote e de toda
a Igreja, sem a oferta de Jesus, não seria nem santa, nem agradável a Deus, porque
somos criaturas pecadoras. Mas também a oferta de Jesus, sem a oferta de seu corpo
que é a Igreja, seria também ela incompleta e insuficiente, não no que diz respeito
à salvação, mas para recebê-la."
Em seguida, o Pregador da Casa Pontifícia
se deteve sobre o sacramento por excelência, a Eucaristia, sinal concreto da graça:
"Jesus
quando diz "Tomai o meu corpo", nos dá a sua vida concreta, o seu ser vivido no tempo,
as fadigas, as alegrias, tudo aquilo que preencheu a sua vida. Dizendo "Tomai, este
é o meu sangue", nos dá a sua morte. A Eucaristia é a semente da vida e da morte de
Jesus."
Aplicar essas palavras na vida cotidiana significa para um sacerdote
oferecer tempo, recursos físicos e tudo aquilo que antecipa a morte como as mortificações
e as enfermidades. O dia inteiro e não somente o momento da celebração é uma Eucaristia
– observou Frei Cantalamessa. A Eucaristia – explicou ele – está profundamente ligada
a todos os aspectos da vida e, em particular, ao trabalho:
"A Eucaristia é
o fruto do trabalho do homem, mas não somente do trabalho agrícola, porque do trigo
ao pão no altar tem o transporte, a transformação. Então, o trabalhador sabe que chega
ao altar o fruto de seu trabalho, o seu suor está presente no produto que se torna
oferta a Deus: a Eucaristia."
A Eucaristia – concluiu o Pregador da Casa Pontifícia
– é alimento também para os jovens, sobretudo num mundo dominado pela instrumentalização
do corpo, visto "como instrumento de prazer e de exploração". (RL)