2010-03-11 19:05:38

PAPA SOBRE RECONCILIAÇÃO: CONFORTO DIVINO NUM MUNDO QUE PERDEU SENTIDO DO PECADO


Cidade do Vaticano, 11 mar (RV) - "Voltar ao confessionário como lugar da celebração do Sacramento da Reconciliação, mas também como lugar onde se faz encontrar muitas vezes para que o fiel possa obter misericórdia, conselho e conforto, sentir-se amado e compreendido por Deus." Foi o cenário que o Santo Padre indicou aos sacerdotes na audiência concedida na manhã desta quinta-feira, na Sala Clementina, no Vaticano, aos participantes do Curso sobre o Foro interno promovido pela Penitenciaria Apostólica.

O Papa convidou a mostrar "a beleza e a grandeza da bondade do Senhor" às pessoas de hoje, tentadas por um relativismo que ofusca as consciências.

Nos dias atuais se enfraquece a experiência de Deus, se perde o sentido do pecado: e essa é a realidade que se respira hoje de modo difuso. Mas se as pessoas são ajudadas para o encontro com Deus como um "diálogo de salvação" com um Pai bom que as ama, eis que a conversão do coração leva a um estilo de vida diferente, leva à renúncia ao mal.

O Pontífice ressaltou que o sacerdote e o Sacramento da Reconciliação são, por excelência, o mediador e o instrumento desse encontro.

Bento XVI elaborou, a partir desses pontos, a sua reflexão oferecida aos especialistas e sacerdotes que participaram do Curso anual da Penitenciaria Apostólica sobre o Foro interno, recebidos em audiência:

"A "crise" do Sacramento da Penitência, de que comumente se fala, interpela, em primeiro lugar, os sacerdotes e a sua grande responsabilidade de educar o Povo de Deus às radicais exigências do Evangelho. Em particular, exige que eles se dediquem generosamente à escuta das confissões sacramentais; conduzam o rebanho com coragem para que não se conformem à mentalidade deste mundo, mas saibam também fazer escolhas contracorrente, evitando acomodações ou ajustamentos."

Ajustamentos que são típicos do atual "contexto cultural marcado", constatou o Papa, "pela mentalidade hedonista e relativista, que tende a eliminar Deus do horizonte da vida, não favorece a aquisição de um quadro claro de valores de referência e não ajuda a discernir o bem do mal e a amadurecer um justo sentido do pecado. De fato, não podemos esquecer que existe uma espécie de círculo vicioso entre o ofuscamento da experiência de Deus e a perda do sentido do pecado".

Bento XVI afirmou que a figura do sacerdote deve ser traçada em antítese a essas derivas da consciência pessoal e coletiva. Nesse sentido, o Santo Padre indicou São João Maria Vianney como modelo ao qual inspirar-se, de quem se pode aprender "uma inexorável confiança no Sacramento da Penitência" e reforçar aquelas atitudes que são a essência do sacerdócio: espírito de oração, pobreza evangélica, "relação pessoal e íntima com Cristo", celebração da Missa. Como também – acrescentou o Papa – "uma intensa dimensão penitencial pessoal":

"A consciência do próprio limite e a necessidade de recorrer à Misericórdia Divina para pedir perdão, para converter o coração e para ser sustentados no caminho de santidade, são fundamentais na vida do sacerdote: somente quem por primeiro experimentou a sua grandeza pode ser convicto anunciador e administrador da Misericórdia de Deus."

Por isso – reiterou Bento XVI – "é importante que o sacerdote tenha uma permanente tensão ascética, alimentada pela comunhão com Deus, e se dedique a uma constante atualização no estudo da teologia moral e das ciências humanas":

"Nas condições de liberdade em que hoje é possível exercer o ministério sacerdotal é necessário que os presbíteros vivam de "modo alto" a sua resposta à vocação, porque somente quem se torna todos os dias presença viva e clara do Senhor pode suscitar nos fiéis o sentido do pecado, encorajar e fazer nascer o desejo do perdão de Deus." (RL)







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