Jos, 10 mar (RV) - Continua alta a tensão no Estado de Plateau, na Nigéria,
palco nos dias passados de violências inter-étnicas que causaram a morte de mais de
500 pessoas, na maioria cristãos, entre os quais mulheres e crianças, assassinadas
a machadadas ou queimadas vivas dentro de suas casas. Entretanto, na região chegaram
os militares de Abuja com a tarefa de patrulhar a área enquanto aumentam as polêmicas
precisamente por causa do atraso na intervenção do exército.
O Bispo de Jos,
Dom Ignatius Kaigama, que também é co-Presidente do Conselho Nigeriano para o Diálogo
Inter-religioso – e portanto, trabalha em estreito contato com os líderes muçulmanos
do país – reafirmou com força que o que ocorreu foi uma terrível vingança tribal:
portanto, não existem motivações religiosas apesar dos agressores serem islâmicos
e as vítimas cristãs.
Mas vamos ouvir o que o Bispo de Jos disse à Rádio Vaticano.
R.
– Vivemos uma terrível crise aqui, na periferia de Jos. Foi assassinada gente inerme:
crianças, mulheres... é uma situação terrível! Nós estamos fazendo todo o possível
para dar novamente confiança às pessoas, para consolá-las, para ajudar de todos os
modos. Eu estou participando de uma reunião convocada pelo Presidente da Nigéria:
devemos ir à raiz desta crise; estamos procurando fazer o possível para levar novamente
a Justiça a Jos, uma cidade cujo nome significa “cidade da paz”. Anos atrás, essa
era a mais bonita cidade da Nigéria e as pessoas eram felizes, Infelizmente, com essa
crise, as coisas mudaram. Mas aos poucos, se Deus quiser, a paz retornará.
São
numerosos os apelos à calma lançados após as violências. A Organização da Conferência
Islâmica condenou o ocorrido enquanto Human Rights Watch, organização internacional
que luta pela defesa dos direitos humanos, pediu o máximo compromisso aos governantes
da Nigéria para que os responsáveis do massacre sejam entregues à Justiça. (SP)