2010-03-09 10:48:59

VIOLÊNCIA ENTRE NIGERIANOS DEIXA 528 MORTOS


Jos, 09 mar (RV) - Um dia depois de a Nigéria ser palco de um massacre de mais de 500 pessoas - a maioria cristãos de aldeias próximas à cidade de Jos, no centro do país -, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, disse estar profundamente preocupado com a situação. Pedindo moderação, ele incitou os líderes religiosos a trabalharem juntos nas causas da crise em busca de uma solução.

Um confronto de fundo tribal e religioso deixou 528 mortos no último fim de semana. Armados com revólveres, metralhadoras e machados, integrantes da tribo muçulmana fulani atacaram casas e estabelecimentos de pessoas da tribo berom, de maioria cristã, domingo. Em apenas três horas, homens, mulheres, crianças e até bebês, foram mortos e queimados, segundo testemunhas, que descrevem cenas de horror.

Em Jos, capital da província de Plateau, vivem quase 600 mil pessoas, divididas entre etnias islâmicas e cristãs. A tensão religiosa na região vem crescendo desde o fim dos anos 1990, quando os primeiros massacres foram registrados. Desde então, 12 mil pessoas foram mortas.

A população nigeriana é formada 50% por muçulmanos (localizados principalmente no norte) e 40% por cristãos (predominantes no sul do país). Jos situa-se numa região conhecida como “cinturão do meio”, repleta de minas e outros recursos naturais, quedas d'água, e vida selvagem: é o principal pólo turístico da Nigéria. Dezenas de grupos étnicos, das duas religiões, disputam essa riqueza.

Para o Arcebispo de Abuja, Dom John Onaiyekan, a tensão na região tem raízes principalmente econômicas, mais do que religiosas: “Trata-se do clássico conflito por terras entre pastores e agricultores, só que os fulani são muçulmanos e pastores e os berom são cristãos e agricultores. As pessoas foram mortas por reivindicações sociais, não por religião” - disse.

O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé e da Rádio Vaticano, Padre Federico Lombardi, manifestou também dor e preocupação, acrescentando que a leitura dos acontecimentos indica que “não se trata de confrontos de natureza religiosa, mas social”.

A polícia prendeu 95 suspeitos. O governo afirma que esta onda de violência seria uma vingança ao massacre de 330 muçulmanos em janeiro, quando os fulani acusaram os berom de tentar exterminar a população muçulmana na região.

O Fórum dos Cristãos do Estado de Plateau publicou um comunicado no domingo no qual acusa o Exército nigeriano de passividade diante dos ataques. “Por que os soldados não intervieram?” - perguntou a ONG.

Ontem, o Presidente interino da Nigéria, Goodluck Jonathan, convocou uma reunião de emergência com os chefes do serviço de segurança para estudar a prevenção de novos confrontos.

O governo de Plateau anunciou um funeral coletivo para as vítimas, enterradas em valas comuns. (CM)







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