2010-03-09 17:42:01

Nigéria, palco de um massacre de mais de 500 pessoas. Na base, disputas económicas mais do que religiosas.


(9/3/2010) Um dia depois da Nigéria ser palco de um massacre de mais de 500 pessoas - a maioria cristãos de aldeias próximas da cidade de Jos, no centro do país -, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou-se profundamente preocupado com a situação. Pedindo moderação, convidou os líderes religiosos a trabalharem juntos nas causas da crise em busca de uma solução.
Um recontro étnico e religioso deixou 528 mortos no último fim de semana. Armados com revólveres, metralhadoras e machados, integrantes da tribo muçulmana fulani atacaram casas e estabelecimentos de pessoas da tribo berom, de maioria cristã, domingo. Em apenas três horas, homens, mulheres, crianças e até mesmo bebés , foram mortos e queimados, segundo testemunhas, que descrevem cenas de horror.
Em Jos, capital da província de Plateau, vivem quase 600 mil pessoas, divididas entre etnias islâmicas e cristãs. A tensão religiosa na região vem crescendo desde finais de 1990, quando os primeiros massacres foram registados. Desde então, 12 mil pessoas foram mortas.
A população nigeriana é formada 50% por muçulmanos (localizados principalmente no norte) e 40% por cristãos (predominantes no sul do país). Jos situa-se numa região conhecida como “cinturão do meio”, repleta de minas e outros recursos naturais, quedas de água , e vida selvagem: é o principal pólo turístico da Nigéria. Dezenas de grupos étnicos, das duas religiões, disputam essa riqueza.
Para o Arcebispo de Abuja, Dom John Onaiyekan, a tensão na região tem raízes principalmente económicas , mais do que religiosas: “Trata-se do clássico conflito por causa da posse dos terrenos entre pastores e agricultores, só que os fulani são muçulmanos e pastores e os berom são cristãos e agricultores. As pessoas foram mortas por reivindicações sociais, não por motivos religiosos” – disse ainda o arcebispo de Abuja.
O Director da Sala de Imprensa da Santa Sé e da Rádio Vaticano, Padre Federico Lombardi, manifestou dor e preocupação, acrescentando que a leitura dos acontecimentos indica que “não se trata de recontros de natureza religiosa, mas social”.
A polícia prendeu 95 arguidos. O governo afirma que esta vaga de violência seria uma vingança pelo massacre de 330 muçulmanos em Janeiro , quando os fulani acusaram os berom de tentar exterminar a população muçulmana na região.
Domingo o Fórum dos Cristãos do Estado de Plateau publicou um comunicado no qual acusa o Exército nigeriano de passividade perante os ataques.
Ontem, o Presidente interino da Nigéria, Goodluck Jonathan, convocou uma reunião de emergência com os chefes dos serviços de segurança para estudar a prevenção de novos recontros.








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