Cidade do Vaticano, 07 mar (RV) - A cena de Moisés e da sarça ardente, que
temos na primeira leitura, apresenta-nos o coração do grande líder judeu. Moisés possuia
grande sensibilidade e senso de justiça. Ele se revoltou com a injustiça praticada
em relação a um homem judeu e deixou vir à tona um grande arroubo em favor do oprimido.
Ele demonstrou ser possuído por grandes paixões.
É de homens assim que Deus
quer precisar para agir no mundo. Deus deu missão a Moisés, a Sansão, a Davi, a João
Batista, a todos aqueles que se deixaram tomar por uma grande paixão em favor do ser
humano. Vejamos nossos santos: Vicente de Paulo, Damião de Veuster, Madre Teresa de
Calcutá, e tantos outros!
Mas voltemos a Moisés. Deus vê nele o libertador
nato para redimir seu povo, subjugado pelos egípcios. Por outro lado Moisés, em suas
orações, percebeu que Deus precisava dele. Deixou-se tocar pelo Senhor no momento
em que se revoltou quando viu injustiças. Mais tarde, refletindo sobre esses fatos,
percebeu que deveria deixar sua vidinha acomodada de pastorear rebanho, de estar com
a família e com os amigos para se colocar a serviço de Deus, a serviço do povo.
Sabia que Deus estaria sempre com ele e jamais o abandonaria, nem a ele e nem
aos seus. Essa vocação para ser libertador, nasceu junto a uma imperfeição grave.
Moisés agiu com violência matando o egípcio que oprimia um seu conterrâneo. Mesmo
assim, Deus viu nele qualidades de libertador.
Agora, no Evangelho, Jesus
vai corrigir essa ação de Moisés, ao não concordar com a indignação do povo em relação
a Pilatos.
Jesus não concorda nem com retribuição sanguinária à atitude de
Pilatos e nem em atribuir aos galileus mortos alguma culpa.
Jesus não concorda
que cultivemos sentimentos de violência contra as pessoas que nos fizeram mal. Ele
convida todos a uma mudança, a uma conversão.
Isso também vale para o atual
momento em que choramos várias tragédias: os terremotos ocorridos no Haiti e no Chile,
além de outras catástrofes provocadas pela natureza. Ninguém tem culpa, ninguém pecou,
ninguém está sendo castigado! Devemos olhar com outros olhos, além dos de um coração
misericordioso.
A parábola da figueira estéril nos convoca a uma paciência
e a uma esperança divinas, tolerantes com as fraquezas humanas. Tolerante, mas não
conivente ou negligente.
Deus nos quer pessoas apaixonadas, vibrantes, dedicadas
à missão até à raiz de nossa existência, contudo ele nos quer cidadãos absolutamente
convertidos ao bem. (CAS)