Papa celebra Missa dominical numa paróquia romana. Exortação à conversão quaresmal.
Encorajamento à corresponsabilidade e a projectualidade que integre unitariamente
os diversos movimentos e realidades eclesiais
Bento XVI deslocou-se neste domingo de manhã à paróquia romana de São João da Cruz
– situada na Colina Salário, na zona norte da cidade, para aí presidir à celebração
da Missa dominical. Trata-se de um bairro novo, criado há 25 anos. A paróquia existe
desde 1989, utilizando nos primeiros 12 anos instalações provisórias, precárias, até
à inauguração da actual igreja, em 2001. Comentando o Evangelho deste domingo,
Bento XVI sublinhou a atitude da gente, que interpreta as desgraças ocorridas como
punição divina pelos pecados cometidos, considerando-se ao abrigo daqueles incidentes,
pensando não precisarem eles próprios de conversão. Jesus convida a reflectir sobre
os factos, com um empenho de conversão. “É precisamente o fechar-se ao Senhor,
o não percorrer o caminho da conversão de si próprio, o que leva à morte, à morte
da alma. Na Quaresma, cada um de nós é convidado por Deus a imprimir uma viragem à
sua existência, pensando e vivendo segundo o Evangelho, corrigindo alguma coisa no
próprio modo de rezar, de agir, de trabalhar e nas relações com os outros”. A
severidade que transparece das palavras de Jesus explicam-se pelo facto de que Ele
se preocupa com o nosso bem, com a nossa felicidade e salvação. Pela nossa parte,
devemos responder-lhe com um sincero esforço interior, pedindo-lhe que nos ajude a
ver os pontos em que precisamos de nos converter. Aludindo às circunstâncias concretas,
locais, o Santo Padre encorajou os membros da paróquia de São João da Cruz a “edificarem
cada vez mais a Igreja de pedras vivas que sois vós”. Referindo o facto da paróquia
se ter mostrado “aberta, desde o início, aos Movimentos e às novas Comunidades eclesiais,
maturando assim mais ampla consciência de Igreja e experimentando novas formas de
evangelização”, Bento XVI exortou a “prosseguir nesta direcção”, envolvendo porém
“todas estas realidades num projecto pastoral unitário”. Congratulou-se também com
a promoção da corresponsabilidade de todos os membros do Povo de Deus (sempre no respeito
da especificidade das vocações e da papel dos consagrados e dos leigos), o Papa recordou
que “tal exige uma mudança de mentalidade, sobretudo em relação aos leigos, passando
do considerá-los colaboradores do clero a reconhecê-los realmente como corresponsáveis
do ser e do agir da Igreja, favorecendo assim a promoção de um laicado adulto e empenhado”.