Genebra, 06 mar (RV) - Para superar a atual crise financeira, são necessárias
“novas regras”. É o teor do discurso proferido pelo arcebispo Silvano Tomasi, observador
permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas, em Genebra.
As primeiras palavras
de Dom Silvano Tomasi, no dia 3 de março, foram dedicadas ao povo do Chile, a quem
expressou suas condolências e solidariedade.
O representante da Santa Sé falou
no contexto da 13ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, ressaltando que “embora
pareçam visíveis alguns sinais de recuperação, a crise continua a agravar as condições
de vida de milhões de pessoas em seu acesso às necessidades básicas e tem comprometido
negativamente os planos de aposentadoria de muitos”.
“Dados das Nações Unidas
informam sobre as inúmeras conseqüências negativas da crise financeira: o escândalo
da fome, a desigualdade crescente em todo o mundo, milhões de desempregados e pessoas
reduzidas à pobreza extrema, deficiências institucionais, ausência de proteção social
para os mais vulneráveis: desequilíbrios evidenciados pelo Santo Padre na recente
encíclica Caritas in veritate” – recordou o Arcebispo italiano.
“A realização
dos direitos humanos torna-se possível somente quando os Estados traduzem princípios
em lei e mudam concretamente as realidades em seus territórios. O Estado é o primeiro
ator na implementação dos direitos humanos, mas não pode deixar de colaborar com todos
os outros ‘jogadores’ da própria sociedade civil e com a comunidade internacional,
interligados e interdependentes, como somos hoje, no mundo globalizado”.
Para
a Santa Sé, o objetivo comum é a proteção e o respeito da dignidade, que unem toda
a família humana, uma unidade enraizada nos quatro princípios básicos da centralidade
da pessoa humana, da solidariedade, da subsidiariedade e do bem comum.
Neste
contexto, a revisão do Conselho de Direitos Humanos deve levar a uma mudança real
no território e priorizar a implementação concreta dos direitos humanos.
“Na
verdade, dando prioridade aos seres humanos e à ordem criada que os suporta em sua
jornada terrena, podemos modificar as regras que regem o sistema financeiro, a fim
de atuar mudanças concretas, afastar-nos do velho hábito da ganância, que nos levou
à atual crise, e promover o desenvolvimento integral e a efetiva implementação dos
direitos humanos, pois ‘o primeiro capital a preservar e valorizar é o homem, a pessoa,
na sua integridade” (CV, 25). (CM)