O amor será sempre necessário, mesmo nas sociedades mais justas - recordou Bento XVI
dirigindo-se aos voluntários da Protecção Civil Italiana
A Igreja e o Papa apoiam o precioso serviço do voluntariado: assegurou Bento XVI,
dirigindo-se neste sábado de manhã, na vasta Aula das Audiências do Vaticano, a uns
sete mil voluntários da Protecção Civil Italiana. O Santo Padre classificou-os como
“uma das expressões mais recentes e válidas da longa tradição de solidariedade que
tem as suas raízes no altruísmo e generosidade do povo italiano”.
O Papa recordou
que o voluntariado da Protecção Civil se tornou em Itália um fenómeno nacional, com
mais de um milhão e trezentos mil membros, atentos às necessidades primárias da pessoa
e do bem comum, visando proteger as pessoas, sobretudo nos casos de emergência, que
ameaçam a vida e segurança das pessoas, das famílias, de inteiras comunidades. Uma
missão que – observou Bento XVI - “não consiste apenas na gestão da emergência, mas
sim num “pontual e meritório contributo à realização do bem comum”, que constitui
“sempre o horizonte da convivência humana, mesmo e sobretudo nos momentos de grandes
provações”.
Modelo deste serviço concreto e voluntário a quem está em necessidade
e abandonado é o “bom samaritano” de que fala São Lucas. O Papa sublinhou que “esta
passagem do Evangelho ensina que “o amor do próximo não pode ser delegado”. O Estado
e a política, não obstante as necessárias preocupações com o bem-estar das pessoas
(insistiu Bento XVI), não podem substituir o amor do próximo.
“Mesmo na sociedade
mais justa, o amor será sempre necessário. Não há nenhum ordenamento estatal justo
que possa tornar supérfluo o serviço do amor. Quem quer desembaraçar-se do amor, prepara-se
para desembaraçar-se do homem enquanto homem. Sempre haverá sofrimento a carecer de
consolação, de ajuda. Sempre haverá solidão. Sempre haverá situações de necessidade
material nas quais é indispensável uma ajuda na linha de um amor concreto ao próximo.
O que requer e sempre requererá o empenho pessoal e voluntário”.
Sem o voluntariado,
não podem perdurar o bem comum e a sociedade, pois o seu progresso e dignidade dependem
em grande parte das pessoas que fazem mais do que é estritamente a sua obrigação. “Caros
amigos (declarou o Papa), o vosso empenho é um serviço prestado à dignidade do homem
assente no seu ser criado à imagem e semelhança de Deus. Como mostra o episódio do
bom Samaritano, há olhares que podem permanecer à distância ou mesmo cair no desprezo,
mas há outros olhares que podem exprimir amor”.
“Para além da defesa do território,
sede cada vez mais ícones vivos do bom Samaritano, prestando atenção ao próximo, recordando
a dignidade do homem e suscitando esperança. Quando uma pessoa não se limita
a cumprir apenas o seu dever, na profissão e na família, mas se empenha a favor dos
outros, o seu coração dilata-se. Quem ama e serve gratuitamente o outro como
próximo, vive e actua segundo o Evangelho e toma parte na missão da Igreja, que encara
sempre o homem na sua totalidade e lhe quer fazer sentir o amor de Deus”.