Balanço das vitimas continua a agravar-se no Chile. Governo enfrenta uma nova ameaça:
a vaga de pilhagens
(3/3/2010) A presidente do Chile, Michelle Bachelet, esta terça-feira, deu conta
de um novo balanço das vítimas mortais do sismo e do maremoto que atingiram o seu
país no sábado, que subiu para um total de 795. "Aproximamo-nos dos 800 mortos",
declarou a presidente, citada por vários média chilenos, durante uma visita-relâmpago
à região de Curico, uma das cidades mais afectadas pelo sismo, onde visitou um hospital
de campanha. O novo balanço que apresentou resulta da combinação dos últimos dados
do gabinete nacional de urgências com os obtidos localmente durante a visita. Uma
grande maioria das vítimas - 586 - morreu na região costeira de Maule, a 400 quilómetros
a sudoeste de Santiago, que foi devastada pela maremoto que se seguiu ao tremor de
terra, que atingiu os 8,8 na escala de Richter, no Centro/Sul do Chile. O agravamento
das situações de pilhagens e o aparecimento de grupos de autodefesa levaram o Governo
chileno a alargar o recolher obrigatório, que passou a vigorar 18 horas por dia, das
18.00 às 12.00, nas regiões mais atingidas pelo sismo de sábado, e a mobilizar o dobro
dos militares enviados para as áreas sinistradas, que passaram de sete mil a 14 mil,
apoiados por 50 aviões de transporte e três barcos de guerra. As populações nas
regiões de Maule, Biobio, Talcahuano - onde uma importante base naval ficou destruída
- e Concepción estão a barricar-se nas ruas e bairros. O objectivo é impedir o assalto
de casas ou lojas, que começaram a registar-se no dia a seguir ao sismo. A falta de
electricidade é um dos factores que estão a propiciar os assaltos, vendo-se civis
com espingardas ou pistolas, junto de fogueiras. A Presidente Michelle Bachelet
afirmou ontem, após uma reunião com os responsáveis das forças armadas e das polícias,
que "não serão toleradas acções criminosas" na origem de "tremendos danos materiais
e humanos". Bachelet definiu como prioridade "dar segurança e tranquilidade às
populações", horas antes de se encontrar com a secretária de Estado Hillary Clinton,
entretanto desembarcada na capital chilena, com 20 telefones-satélites. A área das
telecomunicações foi das mais afectadas pelo sismo, cujo novo balanço indica 795 mortos
e dois milhões de desalojados. Os EUA irão fornecer um hospital de campanha e sistemas
de purificação da água. Também os países da região, a União Europeia, a Austrália,
a Rússia e ONG internacionais mobilizaram importantes meios e verbas de apoio ao Chile.
Embora o Governo de Santiago se recuse a divulgar números, empresas de análise
de desastres estimam o valor dos danos entre os 10% e 15% do valor do produto interno
bruto chileno. Os analistas consideram que a economia chilena tem condições para uma
rápida recuperação; por outro lado, o baixo nível de endividamento público permite
ao Governo liberdade de manobras nos investimentos à reconstrução.