ENCONTRO DA PASTORAL DOS CIGANOS: COMBATER DISCRIMINAÇÕES E INJUSTIÇAS
Cidade do Vaticano, 02 mar (RV) - "Solicitude da Igreja para com os ciganos
na Europa: situação e perspectivas": esse é o tema do Encontro dos diretores nacionais
da Pastoral dos Ciganos na Europa, que foi aberto nesta terça-feira, no Vaticano,
e se estenderá até a próxima quinta-feira, dia 4.
O evento, promovido pelo
Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, foi inaugurado
na manhã desta terça-feira pelo Presidente e pelo Secretário do referido organismo
vaticano, respectivamente, Dom Antonio Maria Vegliò e Dom Agostino Marchetto.
"A
Igreja é chamada a denunciar as injustiças e as indignas desigualdades, a fim de que
a vida do homem se torne mais humana": foi o que ressaltou o Arcebispo Vegliò, que
em seu pronunciamento também fez votos de "um exame de consciência" sobre a "fidelidade
à vocação e missão na Igreja", que é de todos "e particularmente dos pobres".
O
prelado observou que a história dos ciganos é "tristemente marcada por rejeições e
perseguições", admitindo que nessa história "a Igreja teve as suas culpas, diretas
ou indiretas, quer com condenações abertas, quer com silêncios por vezes interpretados
como conivências".
Em seguida, Dom Vegliò indicou "muitas sombras", mas também
"exemplos luminosos de cristãos" que marcaram o caminho de reconciliação da Igreja
em relação aos ciganos.
Olhando para o encontro, o presidente do referido organismo
vaticano manifestou a esperança de que seja permitido aos ciganos participar mais
"da vida e da riqueza da Igreja". Por outro lado, fez votos de que a Igreja esteja
"mais presente no meio deles".
O arcebispo observou que é verdade que eles
"não são mais deixados sozinhos como no passado", mas que, todavia, "muitos são obrigados
a viver em condições de pobreza e outros encontram dificuldade para alcançar o coração
da Igreja".
Dom Vegliò acrescentou que influenciam negativamente "preconceitos
e estereótipos, de tal modo radicados na sociedade que não permitem desenvolvimento
e amadurecimento de atitudes de abertura, acolhimento, solidariedade e respeito".
Ademais,
o prelado observou que existem fenômenos de racismo e de aversão aos ciganos que,
"muitas vezes, criam obstáculo a uma pacífica, humana e democrática convivência".
Ao
mesmo tempo – acrescentou – não se deve esquecer "também responsabilidades e atitudes
negativas dos próprios ciganos em relação aos ambientes em que vivem". É então necessário
– foi a exortação do arcebispo – que também os ciganos assumam "os deveres próprios
de todos os cidadãos do país onde se encontram". Daí, os votos de que seja percorrido
o caminho da "reconciliação" e da "busca de compreensão".
O Presidente do Pontifício
Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes indicou alguns sinais que
dão esperança como a renovada atenção de organismos europeus internacionais para com
os ciganos.
Tais transformações – afirmou Dom Vegliò – "contribuirão para coibir
fenômenos e atos de racismo", criando uma "nova consciência européia" que permita
aos ciganos "reafirmar a sua identidade e diversidade cultural na ótica de uma inserção
civil nos respectivos países". (RL)