Rio de Janeiro, 1º mar (RV) - Isaías profetizara: “Ele tomou sobre si as nossas
enfermidades e carregou-se com as nossas dores. A punição que nos traz a paz foi infligida
a ele e suas chagas nos curaram”.
Maria, na sua disponibilidade, sabedoria
e presteza, diz convictamente: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a
tua palavra”. Nada questionou, nada duvidou. A Virgem das Dores se dispôs a sofrer
e a ver o Filho sofrer para realizar o plano divino de redenção da humanidade.
João
Batista preparou os caminhos da salvação, colocou o “tapete” para seu senhor passar.
Ele exortava: “Preparai os caminhos do Senhor. Endireitai as suas veredas”. Jesus
Cristo mesmo diz: “Se alguém quer vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome a sua
cruz de cada dia e siga-me.” Ou então: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim
porque sou manso e humilde de coração. E encontrareis descanso para as vossas almas,
pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”
E nós, que fizemos? Que fazemos?
Quaresma! Jesus se dedicou inteiramente ao jejum e oração, por quarenta dias para
fortalecer o seu espírito, preparando-se para o sofrimento a que se submeteu para
resgatar o perdão do Altíssimo em favor dessa humanidade tão fraca, tão egoísta, tão
pecadora.
A Quaresma nos chama à conversão. Isto significa que devemos esvaziar-nos
das falsas riquezas e falsos valores, que podemos crescer de acordo com os verdadeiros
valores cristãos. A conversão não é apenas desembaraçar-se dos pecados, dos vícios
e de todas as formas de egoísmo, converter-se é ficar cheio de esperança e de amor
por Deus, com senso de justiça, compaixão e generosidade.
Quaresma é tempo
para fugirmos um pouco do corre-corre da vida, pararmos, refletirmos sobre a nossa
maneira de ser conosco mesmos, com os outros e com Deus. Tempo de oração e sacrifício.
Quando
nos mortificamos, em vez de nos tornarmos frágeis, aí é que nos fortalecemos, como
Jesus o fez no deserto.
Converter é mudar de vida, despojar-nos do velho fermento
e nos transformarmos em fermento novo, de modo a podar aquilo que é negativo em nós
e que, portanto, é prejudicial para nós e para os irmãos.
Converter é querer
constantemente melhorar o nosso modo de ser, de pensar e de agir, buscando uma convivência
saudável com os nossos semelhantes e, principalmente, aprender a escutar a palavra
de Deus Como disse Jesus ao demônio, “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra
de Deus.”
A sua santa palavra acalma, fortalece, edifica, esmaga, às vezes,
porque somos comodistas e não tentamos modificar a mesmice do mundo, mas é a sua palavra
que vai nos levar ao seu Reino.
O tempo favorável da Quaresma é uma boa oportunidade
de nos lembrarmos de que Deus não nos criou em vão e que espera de nós a nossa resposta
ao seu amor. Chesterton, grande pensador católico, disse: “Não espero de ti o gesto
de São Vicente, não espero de ti o gesto de São Francisco, mas espero de ti o teu
gesto, aquele que Deus sonhou ao criar-te.”
Por isso com a esmola, o jejum,
a penitência, a conversão e a busca de Deus encontraremos força para renascermos do
pecado para a graça, revivendo a santidade de nosso Batismo. Boa Quaresma, com alegria
e discrição na caminhada para a Páscoa! Padre Wagner Augusto Portugal