Mossul, 26 fev (RV) – Mossul vive uma verdadeira “emergência humanitária”.
Somente na última quarta-feira “centenas de famílias cristãs” abandonaram a cidade
em busca de refúgio, deixando para traz suas casas, bens e atividades comerciais:
a situação “é dramática”. O Arcebispo caldeu de Mossu, Dom Emil Shimoun Nona, confirma
à agência AsiaNews o êxodo dos fiéis da cidade. Entretanto, o Arcebispo de Kirku,
Dom Louis Sako, pretende lançar “uma manifestação de rua e um jejum”, para sensibilizar
a comunidade internacional sobre o “massacre dos cristãos iraquianos” e acabar com
as violências no país.
O Arcebispo de Mossul está preocupado pelas muitas famílias,
“centenas”, que somente na quarta-feira abandonaram a cidade. Dom Nona fala de “uma
Via Sacra que não tem fim” e denuncia a “mudança nos métodos” utilizados pelos grupos
armados. “No passado diziam aos cristãos que ficassem fechados em casa – recorda o
prelado – mas agora chegam até mesmo a entrar nas casas”. O arcebispo se refere ao
homicídio ocorrido no último dia 23 de fevereiro: um comando armado entrou na casa
de Aishwa Marosi, cristão de 59 anos, assassinando o homem e dois filhos homens. As
mortes ocorreram diante da mulher e de uma filha que foram poupados pelos criminosos.
Dom Nona confirma o risco de que “Mossul fique sem nenhum cristão”. Neste momento
muitos estão em fuga em direção do planalto de Nínive e para outros lugares considerados
mais seguros.
“Na quarta-feira eu visitei algumas famílias – continua o prelado
– procurei levar um pouco de conforto, mas a situação é dramática. As pessoas fogem
sem levar nada consigo”. Por isso a arquidiocese local deu início a um plano de emergência,
procurando fornecer “gêneros de primeira necessidade e socorro”, mas o perigo de “uma
crise humanitária é uma realidade”.
O Arcebispo de Mossul pretende ir a Bagdá
para se encontrar com os políticos e com o governo central, para pedir a intervenção
dos mesmos. Manter a presença cristã na cidade é difícil – continua Dom Nona – e é
provável que nas eleições gerais – programadas para 7 de março – ninguém irá votar.
Reunir os cristãos no planalto de Nínive, vítimas de um conflito de poder
entre árabes e curdos, parece uma realidade cada vez mais concreta, apesar das lideranças
da Igreja terem sempre se oposto a esse tipo de “gueto”. Até o momento as facções
em luta usaram os meios da religião e os grupos armados para puxar os cristãos para
o conflito. Por isso – conclui Dom Nona – agora “é necessário encontrar uma reposta
política aos conflitos, à luta pelo poder”. (SP)