2010-02-26 11:03:57

IRAQUE: VIA SACRA DOS CRISTÃOS


Mossul, 26 fev (RV) – Mossul vive uma verdadeira “emergência humanitária”. Somente na última quarta-feira “centenas de famílias cristãs” abandonaram a cidade em busca de refúgio, deixando para traz suas casas, bens e atividades comerciais: a situação “é dramática”. O Arcebispo caldeu de Mossu, Dom Emil Shimoun Nona, confirma à agência AsiaNews o êxodo dos fiéis da cidade. Entretanto, o Arcebispo de Kirku, Dom Louis Sako, pretende lançar “uma manifestação de rua e um jejum”, para sensibilizar a comunidade internacional sobre o “massacre dos cristãos iraquianos” e acabar com as violências no país.

O Arcebispo de Mossul está preocupado pelas muitas famílias, “centenas”, que somente na quarta-feira abandonaram a cidade. Dom Nona fala de “uma Via Sacra que não tem fim” e denuncia a “mudança nos métodos” utilizados pelos grupos armados. “No passado diziam aos cristãos que ficassem fechados em casa – recorda o prelado – mas agora chegam até mesmo a entrar nas casas”. O arcebispo se refere ao homicídio ocorrido no último dia 23 de fevereiro: um comando armado entrou na casa de Aishwa Marosi, cristão de 59 anos, assassinando o homem e dois filhos homens. As mortes ocorreram diante da mulher e de uma filha que foram poupados pelos criminosos. Dom Nona confirma o risco de que “Mossul fique sem nenhum cristão”. Neste momento muitos estão em fuga em direção do planalto de Nínive e para outros lugares considerados mais seguros.

“Na quarta-feira eu visitei algumas famílias – continua o prelado – procurei levar um pouco de conforto, mas a situação é dramática. As pessoas fogem sem levar nada consigo”. Por isso a arquidiocese local deu início a um plano de emergência, procurando fornecer “gêneros de primeira necessidade e socorro”, mas o perigo de “uma crise humanitária é uma realidade”.

O Arcebispo de Mossul pretende ir a Bagdá para se encontrar com os políticos e com o governo central, para pedir a intervenção dos mesmos. Manter a presença cristã na cidade é difícil – continua Dom Nona – e é provável que nas eleições gerais – programadas para 7 de março – ninguém irá votar.

Reunir os cristãos no planalto de Nínive, vítimas de um conflito de poder entre árabes e curdos, parece uma realidade cada vez mais concreta, apesar das lideranças da Igreja terem sempre se oposto a esse tipo de “gueto”. Até o momento as facções em luta usaram os meios da religião e os grupos armados para puxar os cristãos para o conflito. Por isso – conclui Dom Nona – agora “é necessário encontrar uma reposta política aos conflitos, à luta pelo poder”. (SP)







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