Brasília, 26 fev (RV) - Projeto Ficha Limpa, crise no Distrito Federal, Usina
Belo Monte e apoio aos aposentados: estes foram os temas tratados pela Presidência
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na coletiva de imprensa realizada
na tarde de ontem na sede do organismo, em Brasília.
Quanto ao Projeto Ficha
Limpa, que tramita no Congresso, o Presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha, foi
contundente: "Não dá para imaginar um parlamentar que se coloque contra o projeto
Ficha Limpa. Alguém que se pronunciar contra a Ficha Limpa é um defensor da ficha
suja? E quem se posicionar contra a Ficha Limpa, como é que vai disputar eleições?
É um assunto que nos deixa pensativos. Não consigo imaginar alguém que seja contra
esse projeto".
Para Dom Geraldo, a crise política toma uma amplitude que vai
além do país: "O que acontece em Brasília também está sendo mal visto lá fora e isso
é constrangedor. Quando saímos, visitamos outros países, as pessoas nos questionam:
'mas o que é mesmo que está acontecendo em Brasília?' Isso é ruim para nossa imagem.
Brasília não merecia comemorar seus 50 anos mergulhada nesse caos administrativo do
Distrito Federal. Isto nos envergonha diante da comunidade internacional".
Sobre
a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, o Presidente da CNBB destacou o conteúdo da
nota aprovada durante a reunião do Conselho Episcopal de Pastoral (Consep). "A CNBB
se manifesta preocupada com a situação de implantação da usina de Belo Monte, porque,
em Altamira (PA), haverá bairros inteiros que desaparecerão" – observou.
O
arcebispo também reiterou o apoio da CNBB ao bispo prelado do Xingu (PA) e presidente
do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Dom Erwin Kräutler, que é ameaçado de
morte por sua atuação contra a exploração do meio ambiente e apoio à população mais
pobre da região amazônica, inclusive os povos indígenas no Pará.
"Nós apoiamos
a causa de Dom Erwin Kräutler por seu trabalho no Pará. Ao mesmo tempo, a CNBB expressa
o seu total apoio à indicação de Dom Erwin ao prêmio Nobel Alternativo, apresentado
pela fundação austríaca Right Livelihood Award."
Durante a coletiva, falou-se
também do apoio aos aposentados.
O Secretário-Geral da CNBB, Dom Dimas Lara
Barbosa, frisou o apoio da instituição aos aposentados sobre a vinculação do salário
deles ao salário mínimo, que teve como consequência perdas de benefícios depois dos
reajustes.
Um grupo de trabalho foi organizado, a pedido CNBB, para estudar
o assunto. (BF-CNBB)