2010-02-23 13:09:25

Bispo da Guarda insurge-se contra desequilíbrios na distribuição da riqueza


(23/2/2010) O bispo da Guarda considera que a corrupção, o crescimento da desigualdade entre pobres e ricos, a ruptura da segurança social e o desequilíbrio das contas públicas em Portugal resultam da falta de coragem para vencer as seduções da riqueza, do poder e da facilidade.
Na catequese do primeiro Domingo da Quaresma, intitulada “A oração num mundo secularizado e materialista”, D. Manuel Felício recordou que as tentações de Jesus no deserto continuam “a colocar-se às pessoas do nosso tempo, a começar por aquelas que exercem maiores responsabilidades na condução da vida social”.
O prelado recordou que continua a haver “pessoas colocadas em empresas públicas de Portugal a ganhar num só ano quantias que muitos portugueses, talvez a maior parte, não conseguem ganhar em toda a sua vida de trabalho”. “Casos deste género bradam aos céus e reclamam outra justiça diferente daquela que as instituições estão a aplicar”, ajuizou o presidente da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé e Ecumenismo.
Por outro lado, “é difícil de entender que, estando o sistema de segurança social no nosso país em risco de ruptura, estejam a tardar os sinais claros de contenção nas reformas exageradamente elevadas que estão a ser pagas a alguns portugueses”, acrescentou D. Manuel Felício.
“Também não percebemos a falta de coragem para impor tectos salariais a quem mais ganha neste país e que não se lhes peçam os sacrifícios que lhes deviam ser pedidos para caminharmos em direcção ao equilíbrio das nossas contas públicas externas, um dos problemas que mais está a afectar a imagem do nosso país para o exterior e com evidentes repercussões negativas na vida dos cidadãos portugueses”, assinalou o prelado.
A falta de resistência às tentações e a insensibilidade às necessidades dos mais pobres derivam da “expulsão de Deus” das relações sociais e da vida pública, fenómeno que “está a abrir caminho à progressiva imposição da lei do mais forte”.
Se a Igreja aceitasse que Deus fosse relegado “para o reduto intimista das consciências”, estaria “a roubar às pessoas e à rede das suas relações o factor mais determinante da verdadeira vida com qualidade”.
Para D. Manuel Felício, a vida social em Portugal está a precisar de “corajosas correcções”.








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