Com luto decretado a nível nacional durante três dias, a Madeira procura retomar a
normalidade. Apelo da Caritas Diocesana do Funchal
(22/2/2010) Entre a morte, a dor e a desolação, com luto decretado a nível nacional
durante três dias, a Madeira procura retomar a normalidade. Mas as marcas de destruição
são profundas e dificilmente serão apagadas nos próximos meses, sobretudo na baixa
e zonas altas do Funchal. Ou mesmo na marginal da Ribeira Brava, o segundo maior palco
de devastação.
Entretanto, os cães pisteiros das equipas de socorro da GNR
que trabalham no local detectaram odor de cadáveres no Centro Comercial Anadia, na
baixa do Funchal, onde prosseguem as operações de bombeamento de água dos pisos de
estacionamento subterrâneo.
Durante todo o dia de ontem, aproveitando as condições
atmosféricas favoráveis, intensificaram-se os trabalhos de desassoreamento das ribeiras
e desobstrução das estradas, de modo a permitir as tarefas de localização e socorro
aos mais de 250 desaparecidos. Todos temem que destes muitos venham a juntar-se aos
43 mortos até ontem identificados pelas autoridades locais, número que Alberto João
Jardim, presidente do governo regional da Madeira, considerou “desproporcional” à
centena de feridos, incluindo os 70 hospitalizados. O número de desaparecidos continua
a gerar confusão, com as autoridades a apontarem para apenas 4 pessoas cujo paradeiro
se desconhece.
Dadas as dificuldades nas deslocações e para não atrasar os
trabalhos de localização de desaparecidos e de restabelecimento das acessibilidades,
o governo regional decidiu encerrar hoje e amanhã as escolas do Funchal, Câmara de
Lobos e Ribeira Brava — onde estudam mais de 30 mil alunos —, tendo também a Reitoria
da Universidade da Madeira cancelado todas as actividades até quarta-feira. Ontem,
ao longo do dia, continuaram a chegar mensagens oficiais de vários países, entre os
quais Espanha, França, Reino Unido, Rússia e CPLP. A Cáritas Diocesana do
Funchal está a apelar à doação de vestuário para adultos crianças e bebés – especialmente
pijamas e meias – cobertores, mantas, roupa para casa, toalhas, produtos de higiene
e calçado. Em termos de alimentos são necessários enlatados, sobretudo comida que
não necessite ser confeccionada. A partir da manhã desta Segunda feira a Cáritas
vai recolher mobília, colchões e equipamentos de cozinha A localização exacta do armazém
onde estes bens ficarão guardados será divulgada através da Internet e da comunicação
social. Por agora sabe-se que se situa no Bairro da Nazaré e que foi cedido pelos
Investimentos Habitacionais da Madeira. Em comunicado, a Cáritas do Funchal agradece
às entidades estatais e particulares que se têm envolvido no apoio às vítimas das
enxurradas na Madeira. A Cáritas Portuguesa enviou 25 mil euros à congénere do
Funchal para ajudar a fazer face às primeiras necessidades causadas pelo temporal,
apoiando nomeadamente “o realojamento dos desalojados e, em articulação com a Protecção
Civil, disponibilizando alimentos e agasalhos”. A instituição anunciou também a
criação de uma conta para onde podem ser enviados os contributos dos portugueses para
ajudar os concidadãos madeirenses.