Washington, 19 fev (RV) - Apesar da oposição de Pequim, o presidente norte-americano,
Barack Obama, reuniu-se, nesta quinta-feira, com o líder político e religioso tibetano,
o Dalai Lama Tenzin Gyatso. O encontro realizou-se na Casa Branca e durou mais de
uma hora.
Os dois líderes – ambos prêmios Nobel da Paz – discutiram sobre a
necessidade de promover a paz mundial, os valores humanos e a harmonia religiosa,
segundo revelou o Dalai Lama, ao térmico do encontro.
O líder tibetano disse
admirar os EUA desde criança, porque, segundo ele, o país é um defensor da "democracia,
da liberdade e dos valores humanos".
Todo o encontro foi conduzido de forma
discreta. Para não melindrar ainda mais os chineses, a Casa Branca lançou mão de vários
gestos diplomáticos. O Dalai Lama não foi recebido como chefe de Estado, mas como
o líder religioso e porta-voz dos tibetanos. Por isso, ele foi recebido na Sala dos
Mapas e não no Salão Oval, uma honraria reservada apenas aos chefes de Estado.
Além
disso, o encontro ocorreu em grupo e não de forma bilateral. Não houve entrevista
coletiva após o encontro e a Casa Branca limitou-se a divulgar uma foto da reunião.
À tarde, o líder tibetano reuniu-se com a secretária de Estado norte-americana, Hillary
Clinton.
Apesar dos cuidados, as autoridades chinesas manifestaram irritação
pela realização do encontro e se disseram "fortemente insatisfeitas". Pequim considera
o Dalai Lama como um líder separatista que busca a independência do Tibete. O líder
tibetano afirma que quer apenas mais autonomia para a região. Ele vive exilado na
Índia desde 1959.
Após o encontro, o secretário de imprensa da Casa Branca,
Robert Gibbs, divulgou um comunicado, afirmando que Obama reiterou seu apoio à preservação
dos valores religiosos e culturais do povo tibetano e à proteção dos direitos humanos
dos tibetanos dentro da China.
No encontro, Obama elogiou a abordagem do "caminho
do meio" adotada pelo Dalai Lama que prega maior autonomia para o povo tibetano, sem
pretensões de independência: seria uma forma de preservar os interesses chineses,
a segurança e a integridade territoriais, e os interesses tibetanos de proteção e
preservação de sua cultura, religião e identidade nacional – argumentou o Dalai Lama.